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Com homenagem ao RJ, Portela anima Sapucaí na 1ª noite de desfile

Grande Rio e União da Ilha vão perder pontos devido à correria provocada pelos problemas em carros alegóricos

atualizado

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1 de 1 portela-carnaval - Foto: Bruna Prado/ Getty Images

Portela e Unidos do Viradouro foram as escolas de samba que mais empolgaram o público na primeira noite de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro realizada nesse domingo (23/02/2020). Repleta de críticas sociais, a noite também teve duas agremiações prejudicadas por problemas em carros alegóricos. Cercado de expectativa, o desfile da Mangueira – atual campeã – foi morno, sem grandes surpresas e incapaz de empolgar as arquibancadas.

Grande Rio e União da Ilha vão perder pontos devido à correria provocada pelos problemas em carros alegóricos. A Estácio fez um desfile pobre e é candidata ao rebaixamento, que neste ano vai punir duas agremiações. A Paraíso do Tuiuti fez um desfile correto, mas não empolgante nem surpreendente.

Trinta e um anos depois de o Jesus censurado da Beija-Flor ter ido à Sapucaí coberto por um saco preto, a Mangueira teve a oportunidade de exibir, sem censura, o seu Jesus. E o fez de diversas formas: na Verde e Rosa, Jesus foi negro, mulher e, antes de tudo, humano. Imagens de Jesus crucificado também se destacaram na narrativa.

No entanto, o samba responsável por contar o enredo ‘A verdade vos fará livre’, apesar de ter uma letra forte e repleta de frases impactantes, não empolgou o público. Enquanto o hit do ano passado, que levou a escola ao título, tinha um refrão mais cantável e esperançoso, o deste ano era entoado com menos leveza e mais tensão pelos desfilantes. Não apagou a beleza do desfile, mas fez com que ele parecesse morno.

Um Jesus da Mangueira foi representado pelo ator Humberto Carrão, destaque da novela “Amor de Mãe”, da TV Globo, que carregava consigo um chicote. No entanto, a iluminação do carro alegórico apagou bem em frente a uma das cabines de jurados, o que pode fazer com que a escola perca pontos.

A comissão de frente mostrava como, na visão do carnavalesco Leandro Vieira, Jesus seria tratado no Brasil de hoje caso mantivesse seus ideais. Policiais revistavam de modo violento os moradores da favela, que em dado momento erguiam um muro no qual o nome de Jesus aparecia.

A Mangueira teve o azar de desfilar logo após a Viradouro, cujo samba causou frisson nas arquibancadas. A agremiação de Niterói levou à Sapucaí um enredo sobre as Ganhadeiras de Itapuã, mulheres escravizadas que no século XIX vendiam comida e lavavam roupas na lagoa do Abaeté, em Salvador – com o dinheiro arrecadado, elas compravam a liberdade de outras mulheres submetidas ao cativeiro.

De refrão chiclete, o samba era entoado à capela em dois trechos e conquistou a plateia. As alegorias e fantasias eram muito luxuosas e caprichadas.

A Portela, que contou como era o Rio de Janeiro antes da chegada dos descobridores portugueses e fez crítica à destruição da natureza, desfilou quando já amanhecia, mas empolgou o público que ainda lotava as arquibancadas e apresentou fantasias e alegorias luxuosas.

Outra escola com um dos sambas mais aclamados deste ano, a Grande Rio homenageou Joãozinho da Goméia, pai-de-santo baiano que em 1948, aos 34 anos, se mudou para Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde fica a escola. Era negro e homossexual. O verso “Eu respeito o seu amém / Você respeita o meu axé” foi o mantra da escola, mas não evitou um erro básico: o carro abre-alas era acoplado (dois carros interligados) e não conseguiu fazer a curva necessária para sair da avenida Presidente Vargas, onde fica a concentração, e entrar na pista do sambódromo, na rua Marquês de Sapucaí. Isso só foi constatado quando a escola já iniciava o desfile, e foi preciso desacoplar os carros para que ingressassem na pista. Isso causou vários minutos de demora e a escola passou a correr, o que deve fazê-la perder pontos em evolução. A Grande Rio conseguiu desfilar dentro do tempo previsto, que é de 70 minutos (cumpriu o percurso em 68 minutos), mas deve ter sua avaliação comprometida.

Logo depois desfilou a União da Ilha, que, na estreia de Laíla como diretor de carnaval, apresentou enredo sobre a dura vida nas favelas. Mostrou helicóptero sobrevoando comunidade, refez cenas do sequestro de um ônibus por um criminoso (o caso mais famoso foi do ônibus 174, em 2000), os ritmistas da bateria estavam vestidos com uniforme escolar remendado com um coração, referência a um tiro – têm sido comuns casos de estudantes atingidos por balas perdidas em favelas do Rio.

Mas o terceiro carro alegórico quebrou – ficou sem marchas – e precisou ser empurrado, o que exigiu esforço e comprometeu a evolução. A escola desfilou em 71 minutos e será punida com a perda de 1 décimo, na apuração.

A Paraíso do Tuiuti imaginou o encontro entre o rei português dom Sebastião e são Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, e fez um desfile correto, mas não empolgante. A Estácio de Sá, cuja carnavalesca Rosa Magalhães comemorava 50 anos atuando nas escolas de samba, fez uma exibição pobre.

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