Com dores, Lula embarca para última viagem longa antes de cirurgia
Lula viaja nesta sexta (15/9) para eventos internacionais em Cuba e nos Estados Unidos. Na volta, será submetido a cirurgia no quadril
atualizado
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Às voltas com dores no quadril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca, na manhã desta sexta-feira (14/9), para Cuba, onde passa dois dias e participa de um encontro de países emergentes antes de seguir para os Estados Unidos, onde participará da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas. O petista quer usar os dois eventos para reforçar as prioridades diplomáticas de seu governo: reforma na governança global e esforços práticos para combater as mudanças climáticas.
Lula deve voltar ao Brasil no próximo dia 22 de setembro e, no final do mês, vai se submeter a uma cirurgia no quadril, para tentar se livrar de dores causadas por um quadro de artrose que o incomodam desde a campanha eleitoral, no ano passado, mas que se intensificaram muito nos últimos meses.
Por causa das dores, que o próprio Lula diz que estragam seu humor e atrapalham seu trabalho, agendas da presidência têm sido canceladas ou adaptadas nas últimas semanas.
A data provável para a cirurgia é o dia 29 de setembro. O procedimento será realizado em um hospital particular em Brasília, o Sírio Libanês.
Na recuperação, Lula deverá despachar no Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, com sua equipe de governo. A estimativa é que Lula fique até seis semanas sem fazer viagens longas até que se recupere totalmente.
Depois da recuperação, Lula fecha sua agenda de viagens internacionais no final de novembro, quando viaja para Dubai, nos Emirados Árabes, onde ocorre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-28).
Unindo forças em Cuba para pedir mudanças na ONU
Em Cuba, Lula participa da cúpula de chefes de Estado do G77+China, bloco que reúne países do chamado Sul Global em busca de maior poder de barganha contra as nações ricas tradicionais, representadas no G7.
O evento faz parte do empenho de Lula para unir forças que possam se contrapor a Estados Unidos e Europa em temas como comércio e finanças.
O petista tem dedicado seu primeiro ano de governo, neste terceiro mandato, a assumir protagonismo em diversos foros multilaterais – com a presidência do G20 entre dezembro e novembro de 2024, a liderança no Mercosul e a presidência do Brics, que assumirá em 2025.
Nessa posição, Lula pressiona por ações globais voltadas à transição energética, ao combate à fome e a uma nova governança mundial.
Na Assembleia Geral da ONU, que começa em 19 de setembro, Lula vai tentar colher frutos de seus esforços ao longo do ano e pressionar por ao menos sinalizações de uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Esse conselho tem como membros permanentes Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia. Todos têm poder de veto. Outros países ocupam alternadamente 10 vagas rotativas, sem poder de veto. Lula tem dito que esse modelo é anacrônico, reflete uma geopolítica dos anos 1960 e não tem impedido conflitos, como a Guerra da Ucrânia.
O presidente brasileiro, que tradicionalmente faz o primeiro discurso da sessão de debates da Assembleia Geral, deverá também usar seu espaço para pedir esforços pelo fim do conflito europeu e por mudanças também nas finanças globais.
Aproveitando a presença de 193 chefes de Estado dos países que compõem a ONU, Lula também deverá ter uma agenda de reuniões bilaterais. Um encontro que já está confirmado é com o presidente dos EUA, Joe Biden, com quem Lula pretende lançar uma espécie de aliança de defesa dos direitos trabalhistas.