Com chuvas, trecho seco no rio Araguaia volta a ter água; veja imagens
Apesar dos estragos, fortes chuvas em Goiás trazem boa notícia para o rio Araguaia. Trechos que ficaram na terra foram alagados novamente
atualizado
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Goiânia – A chegada das chuvas de verão, apesar dos estragos, alagamentos e interdições de rodovias, em Goiás, trouxe uma novidade. O trecho do rio Araguaia que havia secado na região conhecida como Viúva, em Nova Crixás, a 378 quilômetros de Goiânia, voltou a ter água.
A reportagem do Metrópoles esteve no local em setembro de 2021, no auge da seca e iminência de crise hídrica no Brasil, e constatou in loco a situação de um rio seco, na terra fofa, numa área extensa e larga, onde antes corria água e havia muito peixe.
À época, proprietários de imóveis e ribeirinhos da região demonstraram-se preocupados com o quadro de seca severa, que atingiu níveis inéditos em 2021. Neste mês de janeiro, no entanto, com as fortes chuvas que caem no oeste goiano e em toda a região do Vale do Araguaia, o cenário no rio, que é um dos mais famosos do Centro-Oeste, é oposto ao que se viu quatro meses atrás.
Veja o antes e depois:
O nível do rio subiu tanto, em alguns trechos, que transbordou, ultrapassou pontes e vias de acesso à margem. Ribeirinhos acostumados a pilotar embarcações e percorrer o rio em canoas enfrentam, agora, a dificuldade de acesso aos locais seguros para navegar.
“Tem dia que chove o dia todo”, conta o aposentado Vanderlino Caetano Lopes, de 67 anos, que reside em um condomínio localizado nas margens do Araguaia, em Nova Crixás.
As fortes chuvas desta época já eram esperadas pela população, pois são comuns todos os anos. A mudança rápida do cenário e a predominância de água onde, até poucos meses atrás, carros percorriam trechos secos do rio ao invés de canoas, não deixa de surpreender.
Prudência
O sentimento coletivo, no entanto, é de prudência. Apesar das chuvas e do transbordamento do rio, sabe-se que nos meses seguintes, em especial a partir do início do segundo semestre e no período de alta temporada, a tendência é de seca, redução brusca da água e surgimento de bancos de areia.
É inevitável o temor dos amantes do Araguaia frente ao que aconteceu em 2021, com trechos inteiros, anteriormente alagados, na terra. Vanderlino, por exemplo, emocionou-se ao falar para o Metrópoles, em setembro, à beira do rio seco.
“Eu penso nos meus netos, que não vão ver o que eu já vi. Eu conheci o Araguaia quando eu tinha 17 anos. Você vinha e tinha peixe grande que não existia linha que aguentava pegar ele. Hoje você tem a linha e não tem o peixe. A degradação é uma loucura”, disse ele à época.
Os efeitos da degradação ambiental e das atividades exploratórias ao longo do rio têm acirrado as consequências, a cada ano. A região do Araguaia é alvo de intensa atividade agropecuária. Nos últimos anos, houve aumento significativo não só do rebanho bovino, mas também da presença de equipamentos de irrigação e expansão da fronteira agrícola.
Afluentes
Em setembro, o que chamou a atenção da reportagem do Metrópoles, no caminho até Nova Crixás, foi a visível seca que acometeu os rios menores, afluentes do Araguaia. No trajeto, a cada ponte, via-se córregos secos, na terra e com leitos interrompidos, um sinal claro do que seria visto ao se chegar ao rio.
Neste mês, entre as diversas ocorrências acarretadas pelas fortes chuvas em Goiás, estão os transbordamentos sucessivos desses mesmos córregos. Nas estradas que saem da cidade de Goiás, a exemplo da GO-070, alguns afluentes já alcançaram o nível do asfalto.
No trecho entre Goiás e Itapirapuã, o tráfego precisou ser controlado e interrompido em alguns momentos, em razão da inundação gerada pela elevação das águas. A pista foi toda coberta pelo leito do córrego, um cenário completamente oposto ao que se viu meses atrás.