Com cerco, esquerda e direita apostam sobre futuro do bolsonarismo
Investigação da PF revelou que o ex-presidente “tinha plena consciência e participação ativa” no plano de golpe de Estado
atualizado
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As revelações recentes da investigação da Polícia Federal (PF) sobre a trama golpista nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro (PL) demonstram que o ex-presidente “tinha plena consciência e participação ativa” nas articulações golpistas. A medida com que o assunto avança, o bolsonarismo tende, na avaliação de parlamentares, a ficar mais isolado no Congresso Nacional.
O relatório da PF aponta que Bolsonaro pretendia impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mobilizar as forças militares para não deixar o poder após perder as eleições de 2022.
“Dando prosseguimento à execução do plano criminoso, o grupo iniciou a prática de atos clandestinos com o escopo de promover a abolição do Estado Democrático de Direito, dos quais Jair Bolsonaro tinha plena consciência e participação ativa”, diz trecho do relatório da PF.
O ex-presidente foi indiciado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Bolsonaro alegou que sempre jogou “dentro das quatro linhas” da Constituição e negou envolvimento na trama.
Impactos
O deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, indicou que o indiciamento do ex-presidente o deixa mais isolado. ”Ficarão só os radicais. O cidadão médio se afasta.”
O deputado Kim Kataguiri (União-SP) avalia que o caso em torno de Bolsonaro inviabiliza cada vez mais a candidatura do ex-presidente para retornar ao Palácio do Planalto em 2026 e fortalece o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o indicado da direita.
“Acho que fica cada vez mais claro que Bolsonaro não será candidato, apesar da esperança de boa parte dos bolsonaristas. A dúvida que fica é qual será o candidato de direita que conseguirá costurar a maior coligação para disputar contra o PT em 2026”, afirmou o deputado.
Por outro lado, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado Federal e secretário-geral do PL, acredita que a situação deixa o bolsonarismo ainda mais forte. O parlamentar não quis dar mais declarações sobre o caso.
“Trama midiática”
Por meio das redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), classificou como “trama midiática” o indiciamento do ex-presidente com o objetivo de impactar uma possível candidatura de Bolsonaro contra o atual presidente Lula.
“A trama midiática contra Jair Bolsonaro tem um único objetivo: tirar da corrida eleitoral o único nome capaz de derrotar Lula. Mas Deus proverá. E a verdade está ao nosso lado. Não vamos desistir do Brasil!”, defendeu o filho do ex-presidente.
A PF encaminhou o inquérito que indicou Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O mesmo enviou o caso para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que pode ser apresentada uma acusação formal de crimes na Justiça.