Com brincadeiras, perfil mostra dia a dia de criança com paralisia
Geovana Küster, de 11 anos, compartilha em seu perfil como a deficiência é apenas uma entre suas várias características, e não a define
atualizado
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Dançar quadrilha, fazer esportes, ser influenciadora digital e acumular fãs nas redes sociais. Com apenas 11 anos, Geovana Küster mostra nas redes sociais que sua deficiência, a paralisia cerebral, está longe de defini-la.
Sua irmã, a auxiliar financeira Amanda Souza Küster, de 19 anos, conta que o objetivo de criar um perfil para Geovana era divulgar uma nova forma de ver a deficiência: como apenas mais uma característica.
“Nossa intenção foi mostrar para as pessoas que uma pessoa deficiência é capaz de fazer e ser o que ela quiser. Elas não são vítimas. Têm as suas limitações, mas são capazes de fazer tudo, só que da forma que eles conseguem”, explica. “Ninguém segura a caneta da mesma forma e ninguém pratica um esporte da mesma forma. Por isso, a gente trabalha para incluir e adaptar.”
O início do diagnóstico de Geovana foi aos 11 meses, em Blumenau (SC). Amanda relata que sua mãe, Alexisandra Souza dos Anjos, 44 anos, levou a menina ao médico para examiná-la após uma febre.
“Nessa consulta, veio na cabeça da minha mãe fazer uma pergunta: por que a Geovana, dependendo da situação, ficava com pontos frios no corpo, como ao redor da boca e na ponta dos dedos, além da boca roxa?”. Os sintomas são comuns em crianças com cardiopatia e, ao escutar o coração da menina, o médico indicou que ela de fato tinha um sopro e que seria necessário consultar um cardiologista com urgência.
Complicações
O diagnóstico assustou a família. A criança passou 11 meses com a cardiopatia, uma alteração que dificultava a passagem de sangue do coração para o pulmão.
“Ela era uma criança paradinha, não se movimentava muito, não engatinhava ainda e não fazia muito esforço. Essa foi a sorte dela, porque, caso ela fosse uma outra criança mais ativa, ela estaria correndo risco de ter uma morte súbita, do coração dela não aguentar”, explica Amanda.
A cirurgia para corrigir o problema foi de urgência e não teve o resultado esperado. Nas primeiras 24 horas, Geovana teve cinco paradas cardíacas e, em dado momento, ficou sem oxigênio no cérebro. A consequência foi a paralisia, que deixou sequelas em diversas áreas.
A criança ainda teve de passar dois meses na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde contraiu pneumonia. “Quando ela saiu, os médicos falaram para minha mãe que tinham uma notícia boa e uma notícia ruim. A notícia boa era que a Geovana ia conseguir comer e respirar ao mesmo tempo e a ruim era a paralisia”, relembra Amanda.
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Adaptação
Após vencer as dificuldades no hospital, surgia um novo desafio para Geovana e sua família. A adaptação da menina às novas condições e a organização que a família precisaria para a nova fase. Fonoaudiologia, fisioterapia e equoterapia foram algumas das novidades para a família Küster.
“Aos poucos, começamos perceber as evoluções. A Geovana sempre nos surpreendendo, é até difícil explicar, é só conhecendo para saber mesmo, mas a Geovana tem uma força de vontade gigante, indescritível”, diz Amanda.
E foi a partir dessa força que surgiu a ideia de criar a página no Instagram. Amanda relata que, além de espalhar a mensagem da inclusão, pretendem manter a página como um diário que Geovana poderá acessar quando ficar mais velha, para acompanhar seu crescimento e seus avanços.
“Aquilo que a gente mostra na página é a Geovana. Ela é assim: a Geovana é falante, a Geovana é extrovertida, ela é alegre, ela está sempre rindo, ela é uma criança muito feliz. Então, a gente sempre gosta de transmitir isso, do jeitinho que a Giovana é, porque é ela ali, é a página dela.”
“Correr para Incluir”
O perfil no Instagram já foi tão longe que uma campanha lançada na página para custear um andador e um triciclo adaptado, chamada “Correr para Incluir”, arrecadou R$ 32 mil.
“Foi linda a campanha. Eu presenciei um mar de gente que sequer eu e a minha família tivemos contato se juntando para alcançar esse objetivo. Foi muita gente envolvida e foi muito bonito de ver”, conta.
O andador já chegou e proporcionou um momento muito especial para a família: pela primeira vez, Geovana pôde alcançar seu doce favorito na prateleira do mercado. Em setembro, ela irá superar mais uma barreira. Em seu novo triciclo, ela e Amanda participarão de uma corrida só para mulheres, chamada Brisas.
“Eu coloquei como objetivo que um dia eu ia proporcionar isso pra Geovana: nós duas iríamos correr juntas. E chegou esse momento. Com o triciclo adaptado, eu e a Geovana poderemos correr juntas em corridas de rua”, celebra Amanda.
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