Com avanço de variante, volta às aulas presenciais é “inviável”, diz UFRJ
A instituição alerta para a disseminação da variante Delta e a baixa cobertura vacinal no Brasil e no RJ, estado com mais casos da cepa
atualizado
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Em meio à disseminação da variante Delta e à tendência no aumento de casos e mortes por Covid-19, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmou que a volta às aulas presenciais é “inviável”.
As conclusões do Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 emitiu uma nota técnica na quinta-feira (12/8).
“Até o momento, em consonância com os indicadores estabelecidos e evidências obtidas, o risco de contágio é preocupante, com tendência de elevação, inviabilizando qualquer sugestão de retorno normal às atividades presenciais em toda a UFRJ”, diz trecho do documento.
Os pesquisadores ressaltam que a variante Delta, considerada a mais transmissível em circulação pelo mundo, fez com que governos voltassem atrás e determinassem medidas restritivas mais duras. Com isso, uma maior concentração de pessoas nos campi traria riscos a alunos e professores.
“Existe a tendência de que nas próximas semanas a variante Delta provoque a aceleração do número de casos de Covid-19 na cidade e no estado do Rio de Janeiro. A volta de grande número de alunos à universidade, aumentando a mobilidade e a concentração de indivíduos neste período de disseminação dessa variante em nosso estado, seria, a nosso ver, de grande risco para a população, pois propiciaria o surgimento de novas variantes”, afirmam.
A baixa cobertura vacinal no Brasil também é um dificultador para o cenário presencial, segundo o grupo multidisciplinar. Pouco mais de 30% da população está totalmente imunizada em todo o país. Na cidade do Rio de Janeiro, 39.3% das pessoas acima de 18 anos já tomaram a segunda dose ou a dose única, segundo o Painel Rio Covid-19.
O estado do Rio é o que mais tem casos da variante Delta no Brasil. Somente na capital, foram registrados 70 casos, conforme o 32º Boletim Epidemiológico divulgado nesta sexta-feira. Uma idosa de 87 anos que não havia se vacinado morreu após contrair a cepa indiana do coronavírus.
Para os especialistas, o índice de 70% de cidadãos vacinados é o ideal para haver uma retomada segura.
“Estima-se que a cobertura vacinal acima de 70% dos indivíduos com esquema vacinal completo seria uma faixa segura para o início das medidas de flexibilização, desde que não haja a introdução de nova variante associada a escape imunológico das vacinas em uso. Certamente, a vacinação dos adultos jovens, faixa etária da grande maioria de nosso corpo discente, contribuirá positivamente para o retorno às atividades presenciais na UFRJ. Entretanto, há que se considerar os indicadores epidemiológicos, a testagem dos casos suspeitos, o rastreamento dos contatos e o isolamento dos que resultarem ‘positivo’ para o SARS-CoV-2”, declaram.
“Somente a ampliação da cobertura vacinal completa, a testagem em massa e a extrema cautela ao se adotarem possíveis medidas de flexibilização podem conter a pandemia”, terminam.