Com aval de Bolsonaro, Vitor Hugo quer concorrer ao governo de Goiás
Deputado Major Vitor Hugo tenta ser o candidato de Bolsonaro na disputa contra Ronaldo Caiado pelo Governo de Goiás
atualizado
Compartilhar notícia
Goiânia – A disputa pelo Governo de Goiás, em 2022, pode contar com a intervenção direta do presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora em novo partido, ele sinaliza apoio a um candidato na disputa contra o atual governador do estado, Ronaldo Caiado (DEM), que se afastou dele politicamente.
Na última segunda-feira (6/12), em conversa com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, em Brasília, o próprio Bolsonaro deixou clara sua preferência para a disputa do governo goiano: o deputado federal major Vitor Hugo (PSL-GO).
Evangélico, baiano de origem e consultor parlamentar na Câmara dos Deputados até entre 2015 e 2018, o militar do Exército foi catapultado pelo próprio Bolsonaro a conquistar uma vaga no parlamento por Goiás. O político falou ao Metrópoles que seu grande desejo é disputar o governo e que seu nome pode contribuir para a consolidação da direita no estado.
“Ainda é cedo para falar que realmente vou me lançar, mas o meu desejo é que eu consiga viabilizar esse projeto”, afirma o deputado.
Distanciamento na pandemia
Com a efetivação do distanciamento entre Caiado e Bolsonaro, algo que ocorreu mais fortemente no decorrer da pandemia da Covid-19, o caminho estaria livre para o presidente apoiar um candidato próprio, no estado.
“Quem se afastou do presidente foi o Caiado, durante a pandemia, ao defender uma terceira via para o Palácio do Planalto, ao tecer críticas ao presidente e a como ele governa, por não ter demonstrado gratidão a tudo que o presidente fez em prol de Goiás nesses três anos, com reflexo direto no governo dele”, diz Vitor Hugo.
O racha ocorreu quando Caiado demonstrou-se contrário ao que Bolsonaro defendia, diante da pandemia. Ao adotar medidas restritivas em Goiás, os caminhos de um e outro acabaram se voltando para direções contrárias. “O presidente, em momento algum, fez críticas diretas ao Caiado”, diz ele.
O afastamento entre Caiado e Bolsonaro não ocorreu do dia para a noite. Ele foi se consolidando aos poucos. Em junho deste ano, o que já circulava nos bastidores teve uma manifestação pública. Em evento evangélico do qual o presidente participou na cidade de Anápolis, o governador, até então figurinha carimbada nos eventos bolsonaristas, não apareceu. Detalhe: o encontro foi organizado por Vitor Hugo. À época, já se falava de seu desejo em candidatar-se ao governo.
Ainda em Anápolis, naquela oportunidade, questionado pelo Metrópoles a respeito de um possível apoio de Bolsonaro a Caiado em 2022, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, desconversou a respeito do tema. “Não sei, ainda estamos conversando”, disse.
Vitor Hugo foi líder do governo na Câmara e esteve à frente da organização de visitas recentes de Bolsonaro a Goiás. Segundo ele, o foco do presidente é na disputa por vagas no Congresso, “porque é o que vai dar capacidade para ele avançar nas pautas futuras”.
A disputa pelos governos nos estados, no entanto, não fica para trás. “O palanque de governador acaba tendo uma influência grande nisso. Ele está olhando em cada estado as melhores opções para apoiar”, conta o fiel escudeiro bolsonarista.
Viagens e apoios no interior
A agenda recente de Vitor Hugo foi marcada por viagens a cidades do interior de Goiás. Ele calcula que já andou cerca de 52 mil quilômetros só este ano, visitando 66 municípios, sendo alguns mais de uma vez.
“Tenho conversado com muitas pessoas, lideranças do agro, de outros segmentos produtivos, pessoas do setor público e a insatisfação com o governo é muito grande. Muitos não querem falar agora, por receio de punições, mas o sentimento é muito claro”, expõe ele.
O militar aposta no grande apoio que Jair Bolsonaro tem em Goiás para tentar pavimentar sua candidatura ao governo e, espera ele, rumo também à vitória.
Filiação
Major Vitor Hugo, que recebeu 31.190 votos na disputa por uma vaga no Congresso, em 2018, e se elegeu somente graças à votação expressiva do delegado Waldir Soares (PSL), diz que já articula a viabilização da candidatura ao governo. Ele segue filiado ao PSL, mas adianta que mudará de partido no próximo ano. “Não vou ficar no PSL unido com o DEM”, afirma.
O movimento natural de Vitor Hugo seria a filiação no PL, atual partido do presidente e que avalia o lançamento de um pré-candidato em Goiás. Ele diz que decidirá pela filiação no período da chamada “janela partidária”, entre março e abril do próximo ano.
“O meu desejo pessoal é ir para o PL, mas precisamos conversar, porque o PL fez uma sinalização de apoio ao Gustavo Mendanha”, expõe ele. O prefeito de Aparecida de Goiânia, outro possível candidato ao governo em Goiás, está sem partido e buscando uma sigla para se filiar.
O fator Mendanha
Gustavo Mendanha até agora não dá sinais se caminhará mais à direita, esquerda ou pelo centro. O PL goiano vem namorando o passe do promissor ex-emedebista, que foi eleito prefeito da segunda maior cidade do estado com mais de 95% dos votos em 2020.
A deputada federal Magda Mofatto, um dos principais nomes do novo partido de Bolsonaro em Goiás, tem manifestado publicamente sua preferência por uma candidatura de Gustavo Mendanha ao governo, caso ele se filie de fato. Já a direção da legenda tem dito que bancará na disputa aquele filiado que estiver melhor posicionado nas pesquisas na reta final da pré-campanha.
E isso na hipótese do PL ter Mendanha e Vitor Hugo integrando seus quadros. No entanto, em conversa com o Metrópoles na semana passada, Gustavo Mendanha fez mistério quanto ao seu destino. E nem demonstrou ter muita pressa. Ele espera o quadro se consolidar melhor e indica desejo em fugir da polarização entre Bolsonaro e Lula (caso seja possível). De toda maneira, ele tem de definir seu destino até abril de 2022, prazo final para filiações.
Caso o prefeito de Aparecida abra mão do PL e opte por outra sigla, isso deixaria o caminho bem mais livre para Major Vitor Hugo. A questão é saber se o nome predileto de Bolsonaro em Goiás conseguirá ficar sem escolher o novo partido até que Mendanha defina seu próprio rumo.