Com atraso, Butantan conclui entrega de 46 mi de doses da Coronavac
Governador João Doria, no entanto, fez um alerta e disse que produção pode parar sem a chegada de insumos
atualizado
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São Paulo – O Instituto Butantan entrega nesta quarta-feira (12/5) mais um milhão de doses da Coronavac ao Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde. Com esse carregamento, o instituto ligado ao governo de São Paulo conclui o primeiro contrato assinado com a pasta de entrega do imunizante contra a Covid-19.
A previsão, no entanto, era de que as doses fossem entregues até 30 de abril. Mas um entrave de relações internacionais impossibilitou o cumprimento do acordo na data correta.
De acordo com o diretor do Butantan, Dimas Covas, o laboratório chinês parceiro no desenvolvimento do imunizante não tem conseguido enviar Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para o Brasil.
A Sinovac tem 10 mil litros da matéria-prima pronta para ser despachada para o Brasil, mas o governo chinês não liberou o envio. O quantitativo é suficiente para produção de 18 milhões de doses da vacina.
O governador João Doria diz que essa falta de insumos preocupa. “Se não recebermos mais insumos para produção de vacina, teremos que parar a produção”, alerta.
Sem o material, o envase do composto está paralisado. E a produção, de acordo com Doria, pode ser interrompida completamente no sábado, quando o instituto conclui a fabricação das doses que já haviam passado pelo processo de envase.
Os atrasos no envio de insumo ficaram mais acentuados no fim de março. O último carregamento esperado para aquele mês só chegou no dia 20 de abril. Desde então, o Butantan não recebeu mais insumos.
E, se a situação não se normalizar, o calendário de imunizações de junho poderá sofrer impacto, de acordo com Dimas Covas.
Além desse contrato de 46 milhões de doses, o Butantan tem outro acordo com o Ministério da Saúde que prevê entrega de 54 milhões de unidades do composto até setembro.
Quando o Butantan estava trabalhando em ritmo acelerado, com produção ativa 24 horas por dia, Doria chegou a anunciar que a entrega seria realizada um mês antes, em agosto. Nesta quarta-feira (12/5), ele disse que até o prazo de setembro pode ser adiado, caso o país não receba o insumo.
Ataques à China
Sem previsão de regularização no envio de IFA, o calendário do governador poderá sofrer mudanças. Tanto ele quanto Dimas Covas alegam que os ataques do governo federal à China são responsáveis pelo atraso no envio da matéria-prima. Para o governador, os ataques são “desproporcionais, desnecessários e equivocados”.
Doria tem feito constantes apelos pedindo ao presidente e adversário político Jair Bolsonaro (sem partido) para parar de falar mal da China. Recentemente, Bolsonaro sugeriu que o país asiático teria criado o vírus em laboratório.
Confira o cronograma da entrega das doses:
- Janeiro: 8,7 milhões
- Fevereiro: 4,583 milhões
- Março: 22,7 milhões
- 5 de abril : 1 milhão
- 7 de abril : 1 milhão
- 12 de abril : 1,5 milhão
- 14 de abril: 1 milhão
- 19 de abril: 700 mil
- 22 de abril: 180 mil
- 30 de abril: 420 mil
- 6 de maio: 1 milhão
- 10 de maio: 2 milhões
- 12 de maio: 1 milhão