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Com apoio do Exército, servidores da Abin furaram fila de vacinação

Ministério Público Federal investiga caso de vacinação sem o aval do Plano Nacional de Imunizações (PNI) de servidores das Forças Armadas

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Novos comandantes do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; da Marinha, almirante de esquadra Almir Garnier Santos; e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Júnior
1 de 1 Novos comandantes do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; da Marinha, almirante de esquadra Almir Garnier Santos; e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Júnior - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O Ministério Público Federal (MPF) constatou que 130 servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram secretamente vacinados contra a Covid-19. O Exército atuou diretamente para que a imunização, que não tinha o aval do Plano Nacional de Imunizações (PNI), acontecesse.

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, uma lista sigilosa foi enviada ao Exército com nomes de servidores da Abin que deveriam ser vacinados de forma sigilosa junto com todos os militares da ativa das três Forças Armadas, grupo que teve prioridade na imunização.

Em inquérito que investiga o privilégio dado aos militares das Forças Armadas, a forças de segurança e aos agentes da Abin em Brasília, o MPF reuniu documentos que supostamente provam que os servidores de fato receberam as doses.

Em uma reunião organizada pela procuradora da República Ana Carolina Roman, responsável pelas investigações, a técnica do PNI Caroline Gava declarou que não tinha como responder se a vacinação teria acontecido.

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Vacinação contra a Covid-19 no DF

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“Tivemos esclarecimento com o GDF [governo do Distrito Federal]. A coordenação de imunização entrou em contato conosco, perguntando sobre esses profissionais [da Abin]. No PNI, esses profissionais não estariam contemplados, por não disporem de ações diretas [relacionadas à atuação em segurança”, explicou. “Se ocorreu a vacinação prioritária, a gente não tem como responder.”

Na semana seguinte, o então diretor do Departamento de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, que também estava presente na reunião, foi demitido. O servidor é suspeito de participar de um mercado paralelo de vacinas junto à pasta.

Em um ofício enviado ao MPF duas semanas antes, o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, afirmou que “houve o pleito de vacinação por parte da associação dos servidores da Abin para vacinação de 130 profissionais a serem contemplados, considerando o critério de exposição de risco epidemiológico decorrente do trabalho por parte desses servidores”.

O documento confirma que a vacinação aconteceu na Praça dos Cristais, em Brasília, em uma parceria entre a secretaria e o Comando Militar do Planalto, do Exército. A escolha dos 130 vacinados foi feita considerando “a importância da discrição quanto ao sigilo das atividades e nomes desses servidores”.

Além da Abin, servidores do Exército, Aeronáutica e Marinha também furaram a fila de vacinação no Distrito Federal. A iniciativa do governo de dar prioridade para os 29,6 mil homens e mulheres da ativa burlava notas técnicas do Ministério da Saúde.

Ao MPF, o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, alegou que a vacinação dos agentes atendeu a uma “iniciativa exclusiva” da Associação Nacional dos Oficiais de Inteligência. O argumento usado por ele e pela associação dos servidores da Abin é de que o grupo continuou a trabalhar presencialmente durante o período de calamidade pública.

O Ministério da Defesa e o Exército não responderam os questionamentos sobre o ocorrido.

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