Collor: “Interesse velado da CPI é, sem dúvidas, atingir Bolsonaro”
Ao Metrópoles senador ponderou que momento não é oportuno para a implementação de uma CPI por tirar a atenção do combate à Covid-19 no país
atualizado
Compartilhar notícia
Ao Metrópoles o senador Fernando Collor de Mello (PROS-AL) declarou que a intenção “daqueles que trabalharam para instalar” a CPI da Covid-19, instaurada no Senado Federal por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, é atingir diretamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo o ex-presidente da República (1990-1992), o momento não é oportuno para a implementação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, já que as atenções deveriam estar voltadas para o combate à pandemia do coronavírus no Brasil.
“Eu sempre digo que CPI a gente sabe como começa, mas não sabe como termina. O objeto definido [desta CPI] é tratar a questão da Covid, a aplicação dos recursos da Covid, do oxigênio em Manaus, da cloroquina. Mas eu não tenho nenhuma dúvida de que a intenção daqueles que elaboraram o pedido de instalação da CPI, que o interesse velado deles, é atingir o presidente da República. E em breve isso será desvelado e ficará claro que o objeto da CPI é atingir o presidente da República”, declara o senador em entrevista à jornalista Rachel Sheherazade (confira a partir do minuto 1’08”).
Quanto aos possíveis resultados da CPI da Covid, Collor afirmou que é “rigorosamente” contra a derrocada do chefe do Executivo do poder. E ponderou: “Pode-se dizer tudo do presidente, menos que ele não vem cumprindo aquilo que prometeu na campanha eleitoral em 2018”.
“Eu sou rigorosamente contra o impeachment, acho que nós temos de acabar com essa ideia de que qualquer coisa é motivo para impeachment. Na Câmara dos Deputados, existem mais de 100 pedidos de impeachment. Isso virou uma balela, virou quase uma brincadeira. Eu sou, por definição, contra o impeachment hoje do presidente Bolsonaro, porque entendo que não há crime de responsabilidade que ele possa ser responsabilizado” (11’37”).
Assista:
Cúpula do Clima
Collor declarou-se “animado” com o discurso “perfeito” de Bolsonaro na Cúpula do Clima no último dia 22. “Resta agora colocá-lo em prática. Eu não tenho dúvida de que essa posição extremamente incômoda que nós estamos metidos, que é essa posição de ser um párea na questão ambiental, vai mudar rapidamente. Basta que ele faça, mande, determine fazer aquilo que ele falou”, pondera (18’26”).
Collor, entretanto, declarou que apenas medidas tomadas pelo presidente não são suficientes. Segundo o congressista, o Brasil precisa unir forças em prol do meio ambiente junto com outros países, assim como organizações responsáveis pela preservação da flora e fauna.
“A diplomacia brasileira tem que preservar e perseverar naquilo que construiu ao longo de 70 anos de êxito, que é respeitar o direito internacional, respeitar as decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas, acatar as deliberações da Assembleia Geral das Nações Unidas. Para isso, é necessário que ela esteja coadunada com o propósito do presidente manifestado em seu discurso no Dia da Terra e faça com que isso se entrose com a política externa brasileira”, completa (19’34”).
Eleições de 2022
Quanto às eleições de 2022, Collor disse não acreditar em uma “terceira via” para um possível candidato ao cargo de presidente da República. Segundo o senador, os votos destinados a nomes como Luciano Huck, João Doria e Marina Silva devem pender para o lado de Jair Bolsonaro ou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Em tese, cada um tem 30%, tanto o presidente Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula, se ele vier a ser candidato pelo PT. Eu acho mais fácil que esses votos que cada um [dos outros candidatos] tenha migrem ou para um ou para outro. Esse é o movimento mais fácil. Até porque tem na psicologia do eleitor não querer votar naquele candidato que não tem chance de vitória”, declarou (32’34”).
Collor também descartou a possibilidade de se candidatar novamente ao cargo de presidente da República. Segundo o parlamentar, seu período no poder, entre 1990 e 1992, quando sofreu processo de impeachment, já o deixa satisfeito pelas mudanças que fez no país, como a Lei Rouanet, a abertura comercial e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“Foi uma mudança muito grande que aconteceu no Brasil, e isso já me deixa feliz e honrado. E por isso eu penso em continuar, me apresentarei novamente à disposição do Senado, me colocarei novamente para ser eleito como senador da República. Não penso na Presidência da República”, finaliza (48’33”).
A seguir, assista ao Metrópoles Entrevista com Rachel Sheherazade: