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Coleção de pai e filho: Nando Reis doa 800 conchas a Museu Nacional

Moluscos têm vínculos familiares e histórias da década de 1960. A coleção inspirou o artista até em suas composições; veja imagens

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1 de 1 xnando-reis-vinicius-padula-alexandre-dias.jpg.pagespeed.ic.uEDhkyLjZf - Foto: Foto: Arquivo pessoal

Rio de Janeiro – Três anos após o incêndio que destruiu cerca de 80% de seu acervo, o maior museu de história natural e antropologia da América Latina pode contar com uma doação inusitada. O músico Nando Reis presenteou o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com uma coleção de mais de 800 moluscos.

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, ele contou a história repleta de afeto por trás desse enorme arquivo de conchas de caramujo. Segundo ele, tudo começou como uma atividade de pai e filho na década de 1960, na Praia do Lázaro, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo.

“Toda manhã, a praia amanhecia cheia de conchas, era uma coisa linda e impressionante. A gente pegava aquelas que já estavam sem caramujos e, então, começamos a armazenar”, relembra.

A prática repetida dessa ação, tornou-se uma paixão e um vínculo entre Nando e seu pai, José Carlos Reis. O aumento no número de conchas despertou o interesse em conhecer as diferentes espécies, foi quando seu pai comprou livros, estudou e iniciou a catalogação das conchas, em gavetas, e com espumas embaixo de cada uma delas para proteger seus esqueletos.

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Toda essa curiosidade os levou a buscar pesquisadores da área e a fazer amizade com diversos biólogos, especialmente da Universidade Federal do Ceará (UFC). Em determinado momento, Nando e o pai foram integrantes da Sociedade Brasileira de Malacologia.

“Meu pai era um homem muito fechado, mas aquele momento era nosso, era um emblema da nossa relação”, conta o cantor, que se diz encantado pelas cores e formatos dos calcários.

A paixão de Nando pelas conchas virou composições, capa de disco e tatuagem: “A capa do meu álbum ‘Sim e não’ (2006) tem foto das conchas, em uma música muito importante, ‘Pré-sal’, cito minha espécie favorita, a Strombus pugilis, e eu fiz uma tatuagem no meu braço dessa mesma espécie, pra mim essa é a concha mais linda”, relata.

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Nando iniciou sua carreira musical como baixista do grupo Titãs, em 1982.
Álbum lançado em 2006 conta com foto de uma das conchas
Imagem simboliza o laço com seu pai, a coleção de conchas
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Nando e sua família quando ainda novo

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Nando iniciou sua carreira musical como baixista do grupo Titãs, em 1982.

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Álbum lançado em 2006 conta com foto de uma das conchas

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Imagem simboliza o laço com seu pai, a coleção de conchas

Foto: Reprodução
O desapego

Com o passar dos anos e com o envelhecimento, seu Zé Carlos mudou de casa e a coleção ficou guardada. Como o cuidado diário era feito por ele, as conchas começaram a apresentar sinais de comprometimento. Foi quando Nando resolveu que era hora de doá-las.

Ele conversou com seu pai – à época, ainda vivo – sobre a doação. “Ele ficou muito feliz, emocionado.” E, então, a contribuição foi efetivada, em fevereiro de 2020.

Para o cantor, tudo isso foi algo do destino. Seu pai morreu poucos meses depois, aos 89 anos, e Nando define toda a situação como uma “passagem”, e afirma que as conchas estão, agora, no acervo de um lugar que faz “muito mais sentido”.

Veja o relato do cantor:

Acervo do museu

A doação feita por Nando Reis está entre um arquivo de quase 2 mil itens recebidos pelo museu nos últimos três anos. No entanto, a coleção para exposição ainda é pequena. A meta é chegar aos 10 mil itens para ocupar um espaço de, aproximadamente, 5,5 mil m².

O museu também recebeu itens como uma vestimenta de Pajé, a refresqueira que Napoleão III deu a Dom Pedro, xilogravuras japonesas, uma cerâmica peruana Nazca, um livro-álbum da Colônia Portuguesa e o esqueleto do Inti, um leão marinho.

O diplomata aposentado do Itamaraty e escritor gaúcho Fernando Cacciatore cedeu ainda 27 esculturas greco-romanas. A expectativa é que a obra de reconstrução do palácio que abriga o museu, o Paço de São Cristóvão, seja concluída em 2026, podendo chegar a 2027.

A área externa, no entanto, deve reabrir em setembro do próximo ano, quando completa o bicentenário da Independência.

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