Cobrador de ônibus é acusado de se masturbar na frente de passageira em SP
Vítima registrou um boletim de ocorrência contra o profissional; ele nega acusação de assédio sexual
atualizado
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São Paulo – Um cobrador de ônibus de 52 anos é acusado de se masturbar na frente de uma passageira na capital paulista. O caso teria ocorrido na linha de ônibus 647A-10 Pinheiros – Valo Velho na tarde da última segunda-feira (21/12). Um boletim de ocorrência foi registrado por ato obsceno no 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, zona sul de São Paulo.
Segundo a editora de vídeo e videomaker Anita Fabri, 22, ela entrou no ônibus para ir ao trabalho, por volta das 13h30, e sentou de frente para o assento do cobrador, sem ter passado pela catraca. Ela conta que o cobrador, Antônio César Izaías, a encarou “por um tempo”, o que lhe causou “constrangimento”, mas diz que ficou mexendo no celular. Anita afirma ainda que já viajou no ônibus com o mesmo cobrador anteriormente.
Segundo ela, ao voltar a olhar para o funcionário viu que ele estava com o zíper da calça aberto e mexia no pênis enquanto a olhava. Ele teria tirado a mão de dentro da calça ao vê-la se levantar do banco para falar com o motorista. Na versão dela, Izaías teria saído do lugar para conversar com o condutor enquanto arrumava a roupa, dando início a uma discussão com Anita.
Ao Metrópoles, Anita diz que o motorista desviou a rota para levá-los a uma delegacia. Segundo ela, só havia um passageiro na parte da frente do ônibus, de costas para o cobrador, e cerca de cinco no interior do ônibus, o que impossibilitaria os demais de verem o crime que ela denuncia. Ainda de acordo com Anita, os passageiros não interferiram em nenhum momento e todos desceram do veículo antes de a vítima, Izaías e o condutor do veículo seguirem para a delegacia.
Ela declara não ter feito nenhum registro da possível masturbação, mas fez fotos e vídeos posteriores na tentativa de flagrar o assédio. A reportagem teve acesso ao material em vídeo que mostra o cobrador de pé, em frente à porta do ônibus e com máscara de proteção no queixo, dizendo que vai “acionar uma advogada” e que Anita é “louca”. “Ele [o cobrador] começou a me xingar de louca e desequilibrada, depois começou a ligar para um monte de gente e falou que ia me denunciar e incriminar”, diz ela.
A vítima afirma ter recebido o apoio de familiares e de colegas do trabalho para levar o caso até o 89º DP. Anita tentou obter as imagens da câmera interna do ônibus, mas o equipamento não estava funcionando. “O cobrador falou ‘imagina se as câmeras desse ônibus funcionassem para mostrar que você é louca. Ele sabia disso, imagino que seja recorrente e as mulheres não percebam.”
Cobrador diz que é inocente
A reportagem conseguiu falar com Antônio César Izaías, que contratou uma advogada para defendê-lo. Ele diz estar com a “consciência super tranquila” e nega tê-la visto antes. “Ela [Anita] está me acusando de uma coisa que eu não fiz, estou ciente disso, não sei o que essa pessoinha quer. Eu estava trabalhando, não fiz essa coisa nojenta, nunca a vi antes. Eu sou um cidadão casado, pai de família, tenho oito filhos, nove netos e minha índole não é atrasar nem prejudicar o lado de ninguém”, conta.
Afastado do trabalho, Izaías garante que tem recebido ameaças, mas não disse de quem. “Eu sou trabalhador, todo mundo me conhece. Aqui onde eu moro todo mundo me conhece e está revoltado com essa situação. Não sei se é porque minha mulher é evangélica e acha que o inimigo está tentando, mas Deus está no comando. Eu tenho muita fé em Deus.”
Já Anita voltou a trabalhar no dia seguinte, mas escolheu um trajeto mais longo para evitar pegar o ônibus 647A-10 Pinheiros – Valo Velho. “Eu estou bastante insegura, com medo, não pretendo pegar essa linha [de ônibus] tão cedo. Espero que ele seja punido de alguma forma”, desabafa.
O Metrópoles entrou em contato com a SPTrans, empresa que administra o transporte municipal de ônibus em São Paulo, para solicitar esclarecimentos sobre o caso. A reportagem questionou a empresa por que um veículo circulava com a câmera inoperante, mas essa questão não foi respondida.
“A prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, acionou a operadora de ônibus assim que tomou conhecimento da ocorrência para solicitar mais esclarecimentos e as providências necessárias. Vale esclarecer que a ação denunciada não está de acordo com a conduta exigida dos funcionários terceirizados do município. A SPTrans repudia qualquer tipo de abuso no transporte público e realiza campanhas preventivas sobre esse tema em materiais afixados nos ônibus e terminais.”
A Polícia Civil de São Paulo, por meio da Secretaria de Segurança Pública, disse que o caso é investigado por meio de um inquérito policial instaurado pelo 37º DP, no Campo Limpo. Segundo a pasta, a vítima prestou novo depoimento e a autoridade policial solicitou imagens do interior do veículo à empresa de transporte público.