metropoles.com

CNPq cita gravidez como argumento para negar bolsa a pesquisadora

Em parecer sobre pedido de bolsa de professora, CNPq diz que “provavelmente gestações atrapalharam” iniciativas da docente

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
CNPq
1 de 1 CNPq - Foto: Reprodução

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) citou as gestações de uma pesquisadora como justificativa em um parecer no qual negou bolsa à professora. A cientista social Maria Carlotto, docente da Universidade Federal do ABC (UFABC), denunciou o caso nas redes sociais.

Segundo ela, no resultado preliminar do pedido de bolsa de produtividade em pesquisa, o parecer reconhece a sua carreira, mas diz que ela não fez pós-doutorado no exterior. E aponta que “provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas”.

“Vontade de chorar. Detalhe, fiquei 0,2 de ter a recomendação final”, escreveu a professora no X (antigo Twitter).

Depois que o caso foi divulgado, o órgão soltou uma nota na quarta-feira (27/12) na qual diz que o juízo feito no parecer “é inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a concorrência em tal edital [de bolsa de produtividade] quanto por expressar juízo preconceituoso com as circunstâncias associadas à gestação”.

“Não é, portanto, compatível com os princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem em suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em decorrência de maternidade”, frisou.

O órgão justificou que o parecer foi formulado por um especialista e “não foi corroborado pelo comitê assessor responsável pelo julgamento, o qual fez análise de mérito comparativo com as propostas da mesma área apresentadas no edital” e não considerou a análise feita que citou as gestações da pesquisadora.

CNPq vai instruir especialistas que fizerem pareceres

O conselho disse, ainda, que vai instruir seus pareceristas “para maior atenção na emissão de seus pareceres” e que vai levar o caso concreto para “exame das providências cabíveis”.

Maria Carlotto, por sua vez, apontou que o erro não foi apenas do especialista que elaborou o parecer. “Foi também do CNPq, que deveria ter interditado o texto como um todo. Na prática, o órgão me incentivou a submeter um projeto pós-licença-maternidade e me submeteu, depois, a uma violência de gênero”, afirmou.

A professora ressaltou que o parecer que citou as suas gestações foi levado em consideração no momento em que a bolsa lhe foi negada, quando deveria ter sido excluído de qualquer análise.

“Mesmo que eu use o meu direito ao recurso, isso não apaga a violência cometida. E, de novo, não é sobre mim e sobre este caso, que não deve ser isolado, mas sobre como vamos construir editais realmente abertos a mulheres, especialmente aberto a mulheres mães”, frisou a docente.

Maria Carlotto opinou que editais abertos a mulheres pressupõem políticas institucionais de treinamento dos especialistas que elaboram os pareceres e estabelecimento de critérios mais transparentes.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?