CNJ deve julgar juiz acusado de assediar 96 vítimas nesta terça (6/9)
Marcos Scarlecio é acusado de assédio e violência sexual contra mulheres. Ele saiu de férias assim que as denúncias começaram a circular
atualizado
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) incluiu na pauta desta terça-feira (6/9) o julgamento do juiz do Trabalho Marcos Scarlecio, acusado de assédio e violência sexual por ao menos 96 vítimas.
O magistrado atua no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, de São Paulo, e saiu de férias assim que as denúncias começaram a circular, em agosto.
Nesta segunda-feira (5/9), data que marca o retorno do juiz ao trabalho, o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário (Sintrajud) convocou um protesto pelo afastamento de Scarlecio de suas funções. Até o momento, ele permanece no cargo.
O Me Too Brasil, que presta assistência jurídica às vítimas, emitiu uma nota afirmando que espera que o TRT-2 ou o CNJ determinem o afastamento o desligamento do juiz.
Segundo a organização, dos 96 relatos, 26 foram encaminhados ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao CNJ, enquanto os outros 70 foram recebidos pela rede Me Too Brasil. Entre as denúncias, seis são casos de estupros.
O Metrópoles questionou o TRT-2 sobre o afastamento do magistrado, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Relembre o caso
O professor e juiz do trabalho Marcos Scalercio é acusado de assédio sexual e violência sexual. As vítimas relatam que foram agarradas e beijadas à força, abordadas de forma inapropriada nas redes sociais e sofreram retaliações ao negarem manter relações com ele. Os relatos de agressões, ocorridas entre 2014 e 2020, foram reunidos pela Me Too Brasil.
Ele é conhecido por suas aulas e vídeos sobre direito trabalhista. Em seu canal do YouTube, com mais de 22 mil inscritos, o juiz é elogiado pelas analogias e humor ao tratar dos assuntos jurídicos. O magistrado apagou as publicações no Twitter e no Facebook após a repercussão do caso.
No entanto, a partir da divulgação das denúncias, ex-alunos da Damásio Educacional, onde Scalercio lecionava, passaram a relatar, nas redes sociais, que ele se aproveita de sua posição para praticar assédios: “Dava em cima de várias alunas. Dava desculpa de ‘me chamar lá no insta, que esclareço’, e quando chamavam, ele já dava em cima”, diz uma postagem. Em outra, uma mulher afirma: “Chocada [com a notícia de assédio], mas nem tanto”.