CNJ determina auditoria em gabinetes da Lava Jato, inclusive do juiz Malucelli
Entre os investigados, está o juiz Marcelo Malucelli, responsável pela saída de Eduardo Appio da frente da Lava Jato em 22 de maio
atualizado
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) emitiu, nesta terça-feira (30/5), um pedido de realização de auditoria na 13º Vara da Justiça Federal de Curitiba, responsável pelos processos que tramitam na Operação Lava Jato. A medida, determinada pelo ministro Luis Felipe Salomão, estabelece que os gabinetes dos desembargadores integrantes da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) passem pelo processo de audição.
Entre eles, está o do desembargador Marcelo Malucelli, responsável por denúncia que afastou o magistrado Eduardo Appio da frente dos processos lavajatistas.
O CNJ anunciou que solicitará o acesso a documentos da vara da Lava Jato e da 8ª Turma do TRF-4, sob sigilo ou não, para colaborar nas investigações. As auditorias, chamadas de “correição extraordinária”, vão ocorrer entre quarta (31/5) e sexta-feira (2/6) desta semana.
Além da análise dos documentos, Salomão determinou a disponibilização de salas para audiência de pessoas solicitadas pelo conselho. O magistrado autorizou o recolhimento de celulares durante as prestações de depoimento para evitar comunicações e interferências entre os investigados.
Junto de Marcelo Malucelli, os gabinetes do desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, presidente da 8ª Turma do TRF-4, e da desembargadora Loraci Flores de Lima também passarão por auditoria.
Operação Lava-Jato
A gestão da Lava-Jato tem enfrentado sucessivas alterações nos últimos meses, com a mudança recorrente dos nomes à frente das investigações diante de denúncias de parcialidade. No dia 22 de maio, Eduardo Appio foi afastado da liderança dos casos antes de completar três meses no cargo.
A decisão foi emitida pelo TRF-4 depois de denúncia do juiz Marcelo Malucelli. No relato, o magistrado alegava que Appio havia telefonado para o seu filho, João Eduardo Barreto Malucelli, enquanto proferia ameaças.
Com o afastamento, a juíza Gabriela Hardt assumiu o posto de liderança da operação. Hardt já havia substituído o ex-juiz Sergio Moro em outras fases das investigações, como em 2019, quando condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do sítio de Atibaia.
Enquanto isso, Malucelli enfrenta três processos de intimação do CNJ. Entre eles, está um que avalia suspeita de suspeição do juiz por vínculos familiares mantidos com a família de Sérgio Moro e da deputada federal Rosângela Moro.