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CNI diz que Banco Central “não deve insistir” em aumento da Selic

Posicionamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi publicado no 1º dia de reuniões do comitê do Banco Central que decide Selic

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Michelli Fioravanti/CNI
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, conversa com interlocutor e gesticula com a mão esquerda levantada
1 de 1 O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, conversa com interlocutor e gesticula com a mão esquerda levantada - Foto: Michelli Fioravanti/CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta terça-feira (5/11) um posicionamento no qual diz que o Banco Central (BC) “não deve insistir” no aumento da taxa básica de juros, a Selic. O documento foi emitido no primeiro dia de reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que se reúne a cada 45 dias para decidir o patamar da taxa.

Atualmente em 10,75% ao ano (a.a.), a taxa deverá subir 0,50 ponto percentual (p.p.), voltando ao patamar de janeiro, de 11,25% ao ano – época em que o Copom seguia fazendo cortes. Em 2024, a redução dos juros só foi interrompida em 19 de junho, quando se manteve estável em 10,50% ao ano.

De acordo com a CNI, os dados econômicos recentes, tanto domésticos quanto internacionais, indicam que o Copom cometerá um equívoco caso opte pela elevação dos juros básicos.

“Tal medida configuraria, novamente, excesso de conservadorismo do Banco Central, trazendo consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica”, diz a entidade presidida por Ricardo Alban (foto em destaque).

Meta fiscal e corte de gastos

A confederação também destaca que o ritmo menor de crescimento das despesas, somado ao aumento da arrecadação federal, tem mostrado que o governo deverá cumprir a meta de resultado primário, de déficit zero.

O cumprimento da meta deverá se dar dentro da banda (intervalo de tolerância), no limite inferior, equivalente ao déficit de R$ 28 bilhões. Por essa razão, a CNI entende que há certo exagero na preocupação com o quadro fiscal.

A entidade ainda pontua que há um esforço do governo federal para diminuir os gastos em 2025, com expectativa de anúncio de medidas em breve.

“A CNI argumenta que elevar a taxa de juros é jogar contra o esforço fiscal, uma vez que aumenta o custo da dívida pública, já que cada ponto percentual a mais na Selic representa cerca de R$ 40 bilhões por ano em despesas com juros da dívida”, prossegue.

Inflação

A Selic é o principal instrumento de política monetária para controle da inflação. A CNI vê as acelerações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, dos últimos meses, ligadas aos preços de energia elétrica e alimentos, que, por sua vez, respondem a fatores conjunturais – e não estruturais –, com destaque para as secas extremas.

Na visão da entidade, esses resultados não asseguram mudança significativa na tendência da inflação e, por isso, não devem balizar a decisão do Copom.

No caso da energia elétrica, a bandeira tarifária vermelha praticada em setembro e outubro foi alterada para amarela em novembro, o que deve reverter a influência sobre a inflação em setembro (quando a energia representou 48% da alta do IPCA) e em outubro (quando a energia elétrica representou 39% da alta do IPCA-15).

Por fim, a entidade de industriais coloca que um eventual aumento da Selic posicionará o Brasil na contramão da tendência global de afrouxamento das taxas de juros. Entre os países membros do G20, grupo das principais economias do mundo, apenas a Rússia tem subido juros.

“A CNI destaca que, além de elevada em comparação com outros países, a Selic atual é excessiva para as condições inflacionárias internas”, finaliza.

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