1 de 1 Material encontrado em Anápolis (GO) e que supostamente seria uma cápsula de Césio-137
- Foto: CBM/GO
Goiânia – Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) se deslocaram para Anápolis (GO), a 55 km da capital, na tarde desta sexta-feira (19/8), para averiguar a informação de que um homem, acostumado a acumular objetos e velharias em casa, estaria mantendo uma fonte de Césio-137 no quintal.
A denúncia inicial é de que a substância radioativa, utilizada em aparelhos antigos de radioterapia, estaria armazenada em um cubo de concreto, dentro de uma caixa de ferro. Nessa caixa, conforme imagens divulgadas pela Polícia Militar de Goiás (PMGO), consta a palavra “lixo” sobre o símbolo de uma cruz hospitalar.
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Bombeiro se aproxima do bloco de concreto onde estaria a fonte de césio
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Caixa de ferro cobria o bloco de concreto, com possível substância radioativa
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Caixa de ferro foi quebrada para viabilizar a medição da radioatividade
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Caixa de ferro, com possível lixo hospitalar, estava abandonada no quintal
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Técnicos da CNEN já estão no local
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Polícia encontrou arma de fogo no local
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A residência fica na Vila Santa Isabel, região norte da cidade. O caso foi descoberto, porque a PM recebeu uma informação de que o homem guardava armas ilegais em casa. Os policiais encontraram uma espingarda calibre 22 e, durante conversa com o morador, ele disse que havia uma cápsula de Césio no quintal.
O material, possivelmente de origem hospitalar, teria sido encontrado por ele enquanto catava lixo na rua. Com a chance de se tratar de algo radioativo, a PM chamou o Corpo de Bombeiros, que mobilizou uma equipe da Companhia Ambiental de Operações com Produtos Perigosos para acompanhar o caso.
Toda a área próxima ao local, incluindo a rua onde fica a residência, está isolada. Técnicos do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), unidade da CNEN que fica em Abadia de Goiás, na região metropolitana de Goiânia, estão no local.
O Centro foi criado para servir de depósito das toneladas de rejeitos que resultaram do acidente radiológico com o Césio, ocorrido em Goiânia em setembro de 1987.
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Técnico da Comissão Nacional de Energia Nuclear aferindo o índice de contaminação nas pessoas, em 1987
Divulgação: Carlos Costa/O Popular/AE
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Trabalhador em isolamento da cápsula do césio-137
Divulgação
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Quem passa pelo Centro de Convenções hoje e não conhece a história não imagina tudo que aconteceu há 34 anos
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No local, em 1987, havia um terreno grande, metade desocupado, e as ruínas da clínica de radioterapia que já não estava mais em funcionamento
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Dentro da clínica, estava o aparelho de cesioterapia abandonado, no qual continha um cápsula de 3cm de césio, o suficiente para gerar mortes e mais de 6 mil toneladas de rejeitos contaminados
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Espaço onde ficava a clínica de radioterapia desocupada na qual o aparelho de cesioterapia foi encontrado, hoje, abriga o Centro de Convenções de Goiânia
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Saco com cápsula de césio levado por Maria Gabriela à Vigilância Sanitária, em setembro de 1987
Cnen
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Aparelhos que detectam material radioativo, usados na época do acidente do Césio 137, em Goiânia, em 1987
Montagem
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Quem vive na região não consegue passar pelo local sem se recordar do terror vivido em setembro de 1987
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Lote na Rua 57, no Centro de Goiânia, onde ficava a casa de um dos homens que coletou o aparelho abandonando contendo a cápsula de Césio em 13 de setembro de 1987
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Atualmente o terreno pertence ao estado e é monitorado para que não haja qualquer intervenção no local
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Ferro velho de Devair, para onde foi levada a cápsula que continha césio, em Goiânia
Divulgação: Yosikazu Maeda
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Segundo lote concretado, no Setor Aeroporto, em Goiânia, onde ficava o ferro velho do Devair, que comprou as peças do aparelho que continha Césio
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O terreno é uma das marcas na região atingida pela tragédia do Césio-137, em Goiânia
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Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) fazem monitoramento periódico no local
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O espaço é de propriedade particular. A proibição de que qualquer intervenção seja realizada no terreno segue vigente desde 1987
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Terreno isolado por concreto especial, no centro de Goiânia, onde ficava a casa de um dos atingidos pelo Césio-137
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Cemitério Parque, em Goiânia, onde foram enterradas as quatro vítimas diretas do acidente, que morreram dias após de terem contato com o Césio-137
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Vítimas que morreram foram enterradas em túmulos especiais, com concreto reforçado
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Leide das Neves Ferreira tornou-se a vítima símbolo da tragédia. Ela tinha apenas 6 anos de idade
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Israel Batista trabalhava no ferro velho de Devair e manuseou, no local, a cápsula de Césio
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Admilson Alves, outro funcionário do ferro velho, tinha apenas 18 anos e também manuseou a cápsula de Césio
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Maria Gabriela, tia de Leide das Neves, também morreu. Ela e a sobrinha foram enterradas no mesmo dia, em Goiânia
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Físico da CNEN: “chance mínima de ser césio”
O físico Walter Mendes, coordenador do CRCN-CO, falou com o Metrópoles e explicou o procedimento que será adotado. Segundo ele, os técnicos vão fazer a medição da radioatividade na casa onde a suposta fonte de Césio está e vão recolher o bloco de concreto.
Ele destaca que não existe no banco de dados deles nenhuma fonte da substância catalogada, nos últimos anos. A única informação que existe no sistema é sobre um aparelho radiador de exames, que estaria em Goiânia.
Diante disso, o físico acredita que a chance de ser Césio, realmente, é muito pequena. “No nosso banco de dados, não tem nada. Vamos recolher o concreto e trazer para o nosso depósito, até mesmo para evitar pânico e desinformação na cidade”, pondera.
O morador e dono do local foi preso pela Polícia Militar.