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Cloroquina: governo admite que não há eficácia comprovada em novo protocolo

Em dois trechos do documento, Ministério da Saúde ressalta que não existem “evidências científicas robustas” no tratamento da Covid-19

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Raphael Veleda/Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro segura caixa de hidroxicloroquina
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro segura caixa de hidroxicloroquina - Foto: Raphael Veleda/Metrópoles

Apesar de o Ministério da Saúde ter mudado o protocolo médico de uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o governo fez uma ressalva técnica admitindo que, na prática, a droga não tem eficácia comprovada.

Após pressão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o uso em larga escala (foto em destaque), as novas regras foram divulgadas nesta quarta-feira (20/05). Dois ministros da Saúde pediram demissão por discordarem do protocolo.

A ressalva alerta para efeitos colaterais, falta de comprovação científica de eficácia e regras para prescrição médica. Além disso, o paciente a ser tratado deve autorizar o uso e assumir os riscos com o tratamento.

“Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19”, destaca trecho da nota técnica.

Com isso, a responsabilidade para a escolha do remédio deve ser pensada e negociada entre médico e paciente. “Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, conforme modelo anexo”, conclui.

Além da ressalva técnica, a defesa do protocolo frisa a mesma tendência. “Até o momento não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a Covid-19”, ressalta.

Reações

Cientistas em pesquisas em todo o mundo apontam que a droga não tem eficácia para tratamento. Ao contrário, afirmam que há efeitos colaterais graves e que podem elevar as chances de morte, como aumento de complicações cardíacas.

A cloroquina é normalmente utilizada para tratar malária e doenças autoimunes, como lúpus.

“(A) cloroquina deve ser usada com precaução em portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais”, frisa o novo protocolo.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) declarou que o uso da cloroquina contra a Covid-19 é “perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado”. Para a entidade, a mudança do protocolo “vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia.”

“A escolha desta terapia, ou mesmo a conotação que a Covid-19 é uma doença de fácil tratamento, vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia. Este posicionamento não apenas carece de evidência científica, além de ser perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado”, destaca, em nota.

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