Clínica de influenciadores investigada por lesões cobrava até 6x menos
Segundo a Polícia Civil, as cirurgias eram feitas por valores muito inferiores ao mercado, gerando uma demanda fora do comum ao profissional
atualizado
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A clínica dos influenciadores suspeitos de causar lesões em pacientes em decorrência de procedimentos estéticos mal feitos cobrava valores até seis vezes menores em comparação com o mercado nas intervenções plásticas, diz a Polícia Civil.
De acordo com as investigações, a clínica cobrava R$ 5 mil para uma cirurgia de nariz, procedimento pelo qual um cirurgião-plástico cobra em média R$ 30 mil.
O profissional responsável pelos procedimentos era um destista que, segundo a polícia, relatou que o baixo custo dos procedimentos gerava uma alta demanda por atendimento.
Os donos da clínica, Karine Gouveia e Paulo César Dias, foram presos no dia 18 de dezembro, durante a Operação Face Oculta.
A operação cumpriu quatro mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão em Goiânia e Anápolis “no âmbito de investigação relacionada a atuação de uma clínica onde eram realizados procedimentos e cirurgias estéticas de forma clandestina ao menos desde 2017, vitimando dezenas de pessoas que sofreram sequelas gravíssimas”.
A Polícia Civil de GO, informa que o casal segue preso de forma temporária na Casa do Albergado, que abriga pessoas que foram presas por crimes cometidos sem violência.
De acordo com a PC, para “atrair vítimas, disfarçar a ilegalidade das práticas realizadas e evitar questionamentos sobre a realização de procedimentos exclusivos de médicos, como rinoplastias, alectomias e otoplastias, o grupo criminoso anunciava tais intervenções sob nomes diferentes, como “reestruturação nasal hd” e “retração de orelha””.
“Os procedimentos realizados pela organização criminosa resultaram em deformidades estéticas e funcionais permanentes. Até o momento, a PCGO conta com relatos de mais de 60 vítimas que evidenciam complicações gravíssimas, sobretudo em intervenções no nariz’, diz a corporação.
Como resultado da investigação, a Polícia Civil encaminou uma “representação ao Poder Judiciário visando ao encerramento das atividades da clínica e ao bloqueio de valores nas contas dos investigados, estimando-se um mínimo de R$ 100 mil por vítima, a título de reparação”.
Defesa
Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa afirma que os fatos divulgados pelas autoridades não são “comprovados” e nem “periciados”, o que “atribui culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação”, sendo uma violação que “está prevista na lei de abuso de autoridade”.
“Esse vazamento contumaz e seletivo de informações para a imprensa, de um processo que tramita sob segredo de Justiça, do qual a própria defesa teve e está tendo dificuldades para acessar o seu inteiro teor, é ilegal”, diz a defesa.