Clientes da Binance ficam sem saques no Brasil após troca de parceiro
Maior corretora de criptomeodas do Brasil e do mundo anunciou na sexta-feira (17/6) que vai trocar o atual parceiro de pagamentos
atualizado
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Saques e depósitos estão indisponíveis na Binance, a maior corretora de criptomoedas do Brasil e do mundo.
Na sexta-feira (17/6), a exchange anunciou que vai trocar o atual parceiro de pagamentos no Brasil para oferecer uma solução melhor aos clientes, enquanto conduz o processo de aquisição da corretora local sim;paul.
TJSP responsabiliza corretora após hacker furtar R$ 250 mil de idosa
“A Binance vai substituir a Capitual por um provedor de pagamentos local com extensa experiência, que será anunciado em breve”, explicou a corretora.
O Metrópoles apurou que os saques e depósitos seguem indisponíveis nesta terça-feira (21/6).
Em nota, a exchange destacou também que vai promover uma “transição suave” nas próximas semanas e que está tomando todas as medidas necessárias, incluindo legais relacionadas à Capitual, para assegurar que os usuários não sejam afetados negativamente pela mudança.
Segundo o site da própria empresa, a Capitual é um banco multimoedas que torna o uso de criptomoedas cada vez “mais simples e seguro para todos”.
“Muito além de banco digital, viemos revolucionar o mercado financeiro”, diz o site da companhia.
Segundo o jornal Valor Econômico, a Capitual deixou de efetuar transferências em reais dos clientes da Binance ao alegar que não tinha os dados cadastrais individualizados (como CPF, nome da mãe, endereço) exigidos pelo Banco Central para fazer operações com segurança e evitar lavagem de dinheiro e crimes financeiros.
A Binance teria se negado a repassar esses dados à Capitual.
Lavagem de dinheiro
Investigação publicada pela agência Reuters revelou que a Binance serviu como lavagem para um total de ao menos US$ 2,3 bilhões (o equivalente a R$ 11,7 bilhões na cotação atual) decorrentes de hacks, fraudes de investimento e vendas de drogas ilegais, entre 2017 e 2021.
O cálculo foi feito com base em registros judiciais, declarações de autoridades e dados de blockchain. Dois especialistas do setor revisaram os dados e confirmaram o número.
Em setembro de 2020, por exemplo, um grupo de hackers norte-coreano conhecido como Lazarus teria usado a Binance para lavar US$ 5,4 milhões (R$ 27 milhões) roubados de uma pequena exchange eslovaca. A ação fez uma parte de uma série de ataques cibernéticos que, segundo Washington, tinha como objetivo financiar o progama de armas nucleares da Coreia do Norte.
Hackers
No Brasil, o Metrópoles já detalhou, somente neste ano, ao menos dois casos em que hackers roubaram dinheiro por meio da Binance.
Em abril, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou o bloqueio de recursos da Binance e do banco digital Capitual após um hacker invadir a conta de uma mulher de 73 anos, aposentada, e furtar R$ 250 mil, fruto de herança.
No total, foram bloqueados R$ 500 mil do Capitual, uma vez que não foram encontrados recursos junto ao CNPJ da B Fintech, empresa brasileira do mesmo grupo econômico da Binance. O tribunal também mapeou dois automóveis Porsche, avaliados em quase R$ 1,5 milhão, do Capitual, caso sejam necessárias novas medidas judiciais.
A Binance também foi condenada a pagar R$ 41.238,18 a um auditor do Tribunal de Contas de São Paulo (TCESP) que perdeu todo o dinheiro alocado na exchange após ser vítima de um suposto hacker. O caso foi parar na Justiça pois a Binance se negou a ressarcir o cliente.
Em um primeiro momento, a corretora lamentou o ocorrido, disse que não poderia fazer nada para recuperar o dinheiro e afirmou, em inglês: “Please, be careful next time” (“Por favor, tenha cuidado da próxima vez”, em tradução livre). O valor só foi pago após decisão do juiz de direito Luis Carlos Maeyama Martins, da comarca de São Pedro (SP).