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Caso Clarinha: após 40 dias da morte, corpo ainda não foi sepultado

Paciente misteriosa chamada de Clarinha ficou mais de 20 anos internada em Vitória e não foi identificada. Polícia aguarda exames de DNA

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imagem colorida clarinha paciente em coma por mais de 20 anos espirito santo
1 de 1 imagem colorida clarinha paciente em coma por mais de 20 anos espirito santo - Foto: Reprodução/TV Gazeta

Quarenta dias após a morte de Clarinha, paciente misteriosa que ficou em coma por 24 anos em um hospital de Vitória (ES), o corpo dela ainda não foi enterrado. Isso porque segue no Departamento Médico Legal (DML) da capital capixaba e ainda não foi identificado. 

De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, foram feitos 12 testes de compatibilidade com possíveis familiares no período após a morte, quatro deles ainda sem resultado. Segundo a corporação, a intenção é liberar o corpo para o sepultamento na semana que vem.

Entre os exames, oito compararam digitais, sendo sete com resultado negativo e um ainda em andamento. E quatro exames de DNA, sendo um com resultado negativo e três ainda sendo verificados.

Durante os 24 anos em que esteve internada, nunca foi possível colher digitais de Clarinha. Essa situação mudou apenas após o óbito, quando peritos capixabas realizaram um procedimento pós-morte que permitiu o levantamento de digitais completas para realização de comparações e exames.

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Médico Jorge Potratz cuidou de "Clarinha" durante toda a internação
Paciente ficou internada por quase 24 anos no Hospital da Polícia Militar, em Vitória
Clarinha está em estado de coma há cerca de 21 anos, após ser atropelada por um ônibus
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Ela foi atropelada no ano 2000 e chegou ao hospital sem documentos

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Médico Jorge Potratz cuidou de "Clarinha" durante toda a internação

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Paciente ficou internada por quase 24 anos no Hospital da Polícia Militar, em Vitória

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Clarinha está em estado de coma há cerca de 21 anos, após ser atropelada por um ônibus

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Enterro adiado

De acordo com a polícia, a estimativa é que as análises pendentes sejam finalizadas no começo da semana que vem e, logo depois, seja dado início aos procedimentos legais de liberação do corpo para o familiar ou, no caso de resultados negativos, para o coronel Jorge Potratz.

O médico cuidou da paciente durante os mais de 20 anos de internação e se prontificou a fazer o enterro.

O chefe do Departamento Médico Legal, Wanderson Lugão, explicou que, normalmente, o prazo de liberação do DML é de 30 dias, mas, como esse é um caso muito específico, ficou estabelecido desde o começo que a liberação precisaria de pelo menos 40 dias.

Segundo ele, o caso de Clarinha não é comum.

“Esse caso não é comum em nossa rotina. Não me lembro de um outro com nome fictício ou tantas comparações. Geralmente, quando não é um caso de repercussão em nível nacional como esse, e temos um cadáver não identificado, vêm duas ou três famílias em média para exames, e normalmente da Grande Vitória. Nesse caso, foram muitos exames – até hoje, infelizmente, sem resultados positivos – e estendemos um pouco o prazo para aguardar os resultados pendentes”, disse ao portal G1.

Ainda segundo o chefe do DML, quando o sepultamento de um corpo não identificado é feito pela equipe, alguns cemitérios municipais da Grande Vitória disponibilizam vagas. Normalmente, são os de Maruípe, em Vitória; o de São Domingos, na Serra; e o Pedro Fontes, em Cariacica.

Porém, Lugão aponta que Clarinha não será enterrada como uma pessoa não identificada, o coronel Jorge Potratz já se prontificou a fazer o processo.

“Não vamos sepultar ela como indigente sabendo que tem o interesse de uma pessoa em dar um enterro digno. Se esses últimos resultados também forem negativos, vamos entrar em contato com o coronel e iniciar o processo. Ele terá que fazer o registro civil, como foi autorizado pela Justiça, e fazer uma nova solicitação da Certidão de Óbito.”

O chefe do DML de Vitória ainda disse que, se surgirem novos pedidos, e equipe vai tentar ajudar. “Se aparecer um caso no futuro e houver confirmação de compatibilidade ou parentesco, será preciso uma solicitação a um juiz, para a família pegar os restos mortais e sepultar em sua cidade, se essa for a vontade.”

Corpo congelado

Clarinha morreu no último dia 14 de março. Desde então, o corpo da paciente está sendo refrigerado para manter suas condições até ser liberado para velório e/ou enterro.

“O corpo fica armazenado em uma gaveta única, a uma temperatura muito baixa, de 10 graus negativos, e fica conservado 100%, como se a pessoa tivesse acabado de falecer”, disse Lugão.

Relembre o caso de Clarinha

Clarinha foi o nome dado à paciente pela equipe médica. Ela foi atropelada em 12 de junho de 2000 no Centro de Vitória. O local exato do atropelamento e o veículo que atingiu a mulher nunca foram identificados, segundo a polícia. Ela foi socorrida por uma ambulância, mas não tinha documentos. Ela já chegou ao hospital desacordada.

Jorge Potratz foi quem, em 2016, escolheu o nome para a paciente que vivia em coma. Segundo o médico, o nome foi escolhido em razão do tom de pele muito claro.

Após a exibição da situação de Clarinha no Fantástico, da TV Globo, em 2016, mais de 100 famílias procuraram o Ministério Público para identificar a mulher como possível parente desaparecida. Desse total, 22 casos chamaram mais a atenção, pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil da mulher internada.

Segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), depois de uma triagem mais detalhada, quatro casos foram descartados devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas terem sido encontradas.

O Ministério Público dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares.

Clarinha morreu no dia 14 de março, ao passar mal após uma broncoaspiração.

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