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Ciro Nogueira quis tirar doleiro do esquema de propina, diz Lava Jato

Inquérito no Supremo mostra que presidente nacional do PP pretendia assumir papel de destaque na ‘estrutura criminosa’

atualizado

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Marcos Oliveira/Agência Senado
CPIDFDQ – CPI do Futebol – 2015
1 de 1 CPIDFDQ – CPI do Futebol – 2015 - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Inquérito da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) afirma que o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), pretendia assumir papel de destaque na “estrutura criminosa” envolvendo parlamentares do partido, em 2012, e instalada na Petrobras. Segundo a investigação, Ciro teria tentado substituir o doleiro Alberto Youssef na organização do pagamento de propinas do esquema montado na estatal petrolífera desde 2004.

Nesta terça-feira (24/4), Ciro e o deputado Eduardo da Fonte, o Dudu da Fonte (PP-PE), foram alvo de buscas da Polícia Federal. Os dois estão sob suspeita de tentarem comprar o silêncio de um ex-assessor do PP, testemunha chave.

A operação foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo, que também decretou a prisão preventiva do ex-deputado Márcio Junqueira (PROS/RR), apontado como elo dos parlamentares com o ex-assessor que está colaborando com as investigações.

Segundo o inquérito apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em setembro de 2017 e assinado pelo então procurador-geral Rodrigo Janot, o doleiro Alberto Youssef era ligado a personagens mais antigos do partido, como o ex-deputado José Janene (morto em 2010 e apontado como o mentor do esquema de cartel e propinas na Petrobras).

Por seu lado, o grupo de Ciro e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, preferia o operador Henry Hoyer, mas não teve sucesso em sua meta de assumir o controle da distribuição de propinas.

“Na prática, Alberto Youssef, por já ter bom relacionamento com as empreiteiras, permaneceu no exercício da função, em conjunto com Henry Hoyer”, traz o documento da PGR.

Hoyer foi preso na Operação Sem Fronteiras, 43ª fase da Lava Jato. Depois, o juiz Sérgio Moro mandou soltá-lo.

Segundo delação de Youssef anexada ao inquérito, ele “praticamente continuou a fazer o mesmo que fazia anteriormente, com a única modificação de que, ao invés de repassar os valores diretamente aos integrantes do PP, passou a fazê-lo por intermédio de Henry, que, por sua vez, entregava os valores a (deputado) Arthur de Lira (PP/AL)”.

Um repasse de R$ 1,6 milhão deu início à operação deflagrada nesta terça-feira, após Ciro e Dudu da Fonte tentarem comprar o silêncio do ex-assessor.

Dinheiro desviado
O inquérito detalha que, em 2011, parlamentares do PP, por meio de um contrato fictício com a empresa KFC Hidrossemeadura, pertencente a Leonardo Meirelles e o grupo Queiroz Galvão, teriam recebido dinheiro desviado da Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

Os valores teriam sido transferidos para Hong Kong por Leonardo Meirelles e lavado por meio de comerciantes chineses da Rua 25 de Março, popular centro comercial em São Paulo.

Depois, Meirelles teria repassado o dinheiro a Youssef, que “se encarregou de transferir os valores para a organização criminosa relacionada ao PP”, em Brasília.

Com a palavra, a defesa de Ciro Nogueira
O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, declarou:

“O senador se encontra fora do Brasil, não sabendo em qual país e que não foi possível ainda falar com ele. Desconhece a defesa, até o presente momento, as razões da determinação judicial do Ministro Fachin. É certo que o senador sempre se colocou à disposição do Poder Judiciário, prestando depoimentos sempre que necessário e, inclusive, já foi alvo de busca e apreensão. Continuará a agir o senador como o principal interessado no esclarecimento dos fatos. No momento, a defesa aguarda contato com o Senador para poder ter o necessário instrumento de poderes que dará direito ao acesso aos fundamentos da medida de busca e apreensão.”

 

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