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Ciro Gomes sobre vitória de Arthur Lira: “Se pariu um outro Eduardo Cunha”

Ao Metrópoles, Ciro afirmou que “a rua é quem vai decidir” se o novo presidente comandará a Câmara de acordo com os interesses de Bolsonaro

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Rachel Sheherazade entrevista Ciro Gomes
1 de 1 Rachel Sheherazade entrevista Ciro Gomes - Foto: Vídeo/Metrópoles

Em entrevista ao Metrópoles, o ex-ministro, ex-governador do Ceará e ex-candidato a chefe do Executivo da República em três eleições Ciro Gomes (PDT) afirmou que, apesar da vitória de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados na última segunda-feira (1º/2), é a “a rua quem vai decidir” se Lira irá ou não seguir as determinações de Jair Bolsonaro (sem partido). “Se pariu um outro Eduardo Cunha”, disse.

“Arthur Lira assume com absoluto compromisso de subserviência, de submeter a presidência da Câmara aos ditados de Bolsonaro”, declarou. Para Ciro Gomes, entretanto, há pontos de conflito iminentes, como a privatização da Telebras, que inclui a venda da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) – segundo o político cearense, a alienação desagradaria parte da base eleitoral de Lira. Além disso, o pedetista acredita que a pressão popular e política pode levar Lira a dar andamento aos pedidos de impeachment do mandatário do país.

Ciro ressalta que a vitória de Lira no primeiro turno não se deve apenas à interferência do governo federal. Ele aponta também uma “revolta” de parlamentares que não participam diretamente das decisões da Casa.

“Não acho que os 302 votos que o Arthur Lira conseguiu sejam produto central desse tipo de prática de suborno do Bolsonaro. Que aconteceu, aconteceu. Não tenho a menor dúvida. Estou acompanhando a execução [das emendas]. Mas há ali um fenômeno muito mais grave e complexo, que foi uma espécie de sublevação do plenário da Câmara Federal com relação à condução muito centralizada de um subparlamento que se organiza ciclicamente e que exclui a esmagadora maioria e estabelece uma operação na Câmara entre um colégio de líderes e a Mesa [Diretora]”, alegou.

Sobre o agora ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Ciro afirmou: “Não entendeu o papel histórico que ele tinha. Não era para determinar o impeachment. Mas era para processar as acusações de crime de responsabilidade que tinham um efeito instantâneo: obrigar o Bolsonaro a se comportar. E a população ganharia, não teria essa maluquice de briga pela vacina. Se tivesse tido um procedimento de impeachment, o povo de Manaus não teria morrido sem oxigênio, porque haveria ali uma espada de Dâmocles obrigando Bolsonaro a se comportar”.

Leite condensado

Após o Metrópoles revelar o gasto de R$ 1,8 bilhão do governo federal com alimentação em 2020, Ciro protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de investigação. De acordo com ele, além dos montantes empenhados – como os R$ 15 milhões para a compra de leite condensado –, “há outras coisas constrangedoras, por exemplo, contratos de milhões de reais feitos com firmas minúsculas, que não têm sede, não têm depósito, não têm capacidade financeira”, destacou.

“Há indícios muito mais violentos de outra coisa: superfaturamento e empresas para, quem sabe, fazer a fortuna do sistema de compras”, disse. Ciro pontuou, no entanto, que há grandes chances do pedido de investigação ficar parado após ser submetido à Procuradoria-Geral da República.

Lula e eleições presidenciais de 2022

Na entrevista, Ciro Gomes deu detalhes da sua reunião com o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva (PT). “Foi uma conversa muito franca, mas uma reconciliação com o lulopetismo corrompido não serve para mim”, assegura.

“Lula tem duas obsessões: se vingar de [Sergio] Moro e cuidar do PT. O Brasil, se entrar nas prioridades, é em terceiro lugar”, relatou. Ciro afirmou que o ex-presidente está “tomado pelo ódio” e se “recusa a fazer qualquer autocrítica”.

Ciro também criticou o governador João Doria (PSDB): “Está utilizando a vacinação para distrair a população”. Sobre uma possível aliança com o ex-ministro Sergio Moro ou com o apresentador de televisão Luciano Huck, disse que prefere “cuidar dos netinhos”.

Confira a entrevista:

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