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“Circo de loucos”: em defesa prévia, homem critica trânsito de Goiânia

Motorista goiano usou do humor para criticar o trânsito da capital e contestar multa: “amontoado de loucos com buzinas estridentes”

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1 de 1 goias cidade de goiania - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Um motorista revoltado de Goiás não poupou palavras e humor para se defender de uma multa de trânsito. Ele, que é morador de Quirinópolis (GO), recebeu a autuação como se tivesse trafegado por Goiânia.

Na defesa prévia de contestação, ao dizer que não esteve na capital na data da multa, ele contou uma história vivida em 2010, quando jurou para si mesmo que nunca mais voltaria a dirigir “naquele circo de loucos”. A defesa foi elaborada e assinada por ele no dia 4 de fevereiro, e enviada à Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM).

“A bem da verdade, aquela cidade, se for coberta com uma lona, vira um circo; se for cercada com um muro, vira hospício. É lugar para nunca ir e, se tiver a infelicidade de lá viver, fugir enquanto há tempo”, escreveu ele no documento.

No texto da defesa, que tem três páginas, o homem começa chamando Goiânia de “maravilhosa”, em seguida de “gloriosa”, mas basta seguir a leitura para logo perceber o tom da crítica.

“Ocorre que enquanto o carro do postulante for capitaneado por esse cocheiro, jamais porá as suas desgastadas rodas em qualquer uma das ruas dessa metrópole”, alegou, de início.

Vida no campo

O motorista se diz “casadíssimo”, peixeiro e morador do “fim do mundo”. Ele aponta que nunca esteve em Goiânia com o veículo indicado na multa, o qual ele vendeu e transferiu para outro dono em agosto de 2021, porque passa a maior parte do tempo na zona rural de Quirinópolis, a 293 km da capital.

“Entre galinhas, peixe e gado, vivendo a vida de forma bucólica, mal sabendo dirigir na pequena cidade de Quirinópolis, quanto mais na tresloucada cidade de Goiânia, onde o trânsito é caótico, desordenado e assustador. A bem da verdade, você não precisa ser louco para conseguir, mas ajuda muito se for”, arrematou.

Trechos da defesa:

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Macho alfa

Uma experiência vivida por ele em 2010 foi fundamental para gerar verdadeiro trauma em relação ao trânsito da capital. Ele narra a situação no texto da defesa.

Segundo o motorista, a esposa precisou ir a uma consulta médica no Centro da cidade, o qual ele chama de “nosocômio”. Querendo se mostrar “macho alfa”, ele optou por levá-la pessoalmente no carro que possuía à época, um Gol.

“Deveria tê-la mandado dentro desses transportes alternativos de pessoas e cargas. Teria ido e voltado sem maiores problemas e eu ainda teria o orgulho intacto”, afirma.

Ele conta que chegou em Goiânia às 8h, depois de 4h de viagem, e descobriu da pior forma que todos da cidade saem de casa no mesmo horário, “tornando o trânsito em um amontoado de loucos com buzinas estridentes, freadas bruscas, palavrões indescritíveis e paciência zero”.

O pior ainda estava por vir

Foram tantas as buzinas e gritos que, segundo o motorista, o estresse tomou conta do corpo dele, a ponto de gerar “severas alterações intestinais”.

“Infelizmente, o café da manhã reforçado adquirido na padaria de Indiara cobrou seu preço e na enésima buzinada que recebi ele resolveu sair contra a minha vontade, descendo pelas pernas e repousando no assoalho do carro”, relatou.

O homem expressa que foi como se o intestino dele tivesse desistido de suas funções. “Apenas largou seus afazeres e desistiu”, diz.

Ele parou com o carro em um posto de gasolina, chamou um táxi para terminar de levar a esposa até o hospital, tentou encontrar um lugar para se limpar e pagou um mototáxi para ir comprar uma cueca e uma calça nova para ele.

“Prometi a mim mesmo e à pouca dignidade que me restava que jamais retornaria àquela cidade que tão maldosamente estragou-me a crença de que era um macho alfa”, lamenta.

Garantia de que não esteve na cidade

Diante do exposto, o homem garantiu ao setor de análise de defesas prévias da SMM, em Goiânia, que não esteve na capital com o seu veículo.

Ele acredita que, se ocorreu alguma infração, “foi pelo novo proprietário ou por qualquer outro corajoso homem que consiga dirigir nesse amontoado de loucos motorizados”, finalizou.

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