Cinco cidades no Entorno do DF fecham comércio a partir desta terça

Goiânia – Cinco cidades do Entorno Sul do Distrito Federal amanhecem nesta terça-feira (23/3) com o comércio não essencial de portas fechadas. Pelo menos é isso que determinam decretos publicados pelas prefeituras de Águas Lindas, Santo Antônio do Descoberto, Novo Gama, Cidade Ocidental e Valparaíso nesta segunda (22/3).

As medidas têm por objetivo tentar frear a Covid-19 na região que tem o pior índice de contaminação do estado. Luziânia, outra cidade do Entorno, terá regras específicas.

O modelo de funcionamento do comércio considerado não essencial será semelhante nas cinco cidades. Somente as atividades essenciais serão permitidas ao longo de uma semana. Ao final desse período, a situação epidemiológica será avaliada para se optar pela reabertura ou não.

Além disso, as vizinhas Águas Lindas e Santo Antônio ainda terão em comum a adoção de toque de recolher entre 20h e 5h. Nestes horários, só deverão circular pelas ruas pessoas que trabalham em atividades essenciais, estiverem em tratamento médico ou retornando do trabalho, por exemplo.

Em Luziânia, único município que decidiu por regras específicas, o comércio pode abrir diariamente até as 18h. No entanto, apenas na modalidade delivery.

A região, que sofre com o aumento do número de casos de contaminação do coronavírus e a pressão decorrente da falta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) seguia, até então, regras mais flexíveis.

O Entorno do DF tem mais de 1,2 milhão de habitantes. Grande parte deles transita entre Goiás e o DF, diariamente, para trabalhar, estudar ou fazer outras atividades. A região já tem confirmação de contaminação comunitária de variantes do coronavírus.

Regras gerais

Com variação da extensão de dias de fechamento (7 dias intercalados com 7 dias de abertura ou pelo menos 7 dias de fechamento, podendo chegar a 14), as cidades de Águas Lindas, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto, Cidade Ocidental e Valparaíso de Goiás têm em comum a definição do que são atividades essenciais. Em linhas gerais, as cidades seguem regras de decreto estadual publicado recentemente.

As atividades essenciais, cujo funcionamento não está incluso no revezamento, são, principalmente:

• Farmácias, clínicas de vacinação, laboratórios, estabelecimentos de saúde em geral;
• Cemitérios e serviços funerários;
• Distribuidores de gás e postos de combustíveis;
• Agências bancárias, lotéricas e de Correios;
• Indústrias e fornecimento de insumos e prestação de serviços essenciais;
• Empresas de segurança privada e de transporte coletivo;
• Empresas de saneamento, energia elétrica e telecomunicações;
• Atividades de informação e comunicação;
• Atividades de assistência social;
• Borracharias e oficinas mecânicas;
• Escritórios de advocacia e contabilidade (vedado o atendimento presencial);
• Atividade de construção civil e call center.

Para supermercados e congêneres, não se incluindo lojas de conveniência, o funcionamento fica restrito a 30% da capacidade de lotação máxima, ficando expressamente proibido o consumo de comidas e bebidas no local, bem como acesso de mais de uma pessoa da mesma família. Só poderão ser comercializados bens essenciais relacionados a alimentação, saúde, limpeza e higiene.

Hotéis e correlatos só podem funcionar para abrigar aqueles que atuam na prestação de serviços públicos ou privados considerados essenciais ou para fins de tratamento de saúde, com limite máximo de 65% de acomodação.

As atividades comerciais e de prestação de serviço mediante entrega (delivery) só podem funcionar das 5h à 0h. Já o comércio de alimentos, além da entrega, também está permitido nos sistemas pegue e leve (take away) e drive thru. Feiras livres e aulas presenciais estão suspensas.

Igrejas e outros

Para os templos religiosos, os municípios determinaram a ocupação máxima de 30% durante a realização de missas, cultos, rituais, celebrações e reuniões coletivas similares. Nesses locais, os fieis devem permanecer com uma distância mínima de 2 metros.

Academias privadas e atividades esportivas em locais públicos também estão suspensas temporariamente, assim como qualquer tipo de evento.

Todos os estabelecimentos devem observar as normas específicas para o combate à Covid-19 editadas por conselhos profissionais das profissões regulamentadas. O descumprimento das regras implica em multas e interdições dos estabelecimentos.

Os municípios de Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto estabeleceram ainda o toque de recolher. Ou seja, fica restrita a locomoção noturna e vedados a qualquer indivíduo a permanências e o trânsito em vias, equipamentos, locais e praças públicas das 20h às 5h.

Luziânia

Em pronunciamento, o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto (DEM), informou que adotou medidas próprias. No município, as novas regras publicadas nesta segunda-feira (22/3) valem por 14 dias.

Na cidade, o comércio em geral pode funcionar até 18h, somente na modalidade delivery. A venda de produtos alimentícios poderá ocorrer diariamente, também por entrega, até 22h.

Já para a comercialização de bebidas alcoólicas, a entrega só pode ser realizada até 18h, de segunda a quinta-feira, podendo retornar no dia seguinte a partir das 8h. De sexta-feira, 18h, até segunda-feira, 5h, fica proibida a venda de bebidas em todos os estabelecimentos do município.

Bancos, lotéricas e Correios funcionam, mas devem garantir o distanciamento nas filas.

Para supermercados e congêneres, igrejas e templos religiosos e atividades essenciais, o funcionamento em Luziânia é semelhante aos demais municípios.

Capacidade máxima

O Hospital de Campanha de Luziânia, que atende à região, tem apenas três leitos de UTI disponíveis para paciente com Covid-19, segundo painel eletrônico atualizado, em tempo real, pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO).

Quatro prefeitos da região se reuniram, na noite desse domingo (21/3), em frente ao Hospital Regional de Luziânia por causa do colapso no sistema de saúde. “Estamos analisando a antecipação de feriados também”, afirmou Diego Sorgatto, em entrevista ao Metrópoles.

Ao confirmar que os municípios vão seguir o decreto do governador Ronaldo Caiado (DEM), o prefeito de Cidade Ocidental, Fábio Correa (PP), desabafou, em vídeo. “Não tem como mais segurar. A situação chegou a um ponto muito difícil”, disse. “O colapso é regional. E, se é regional, nós quatro também começamos a tomar decisão regionalmente”, acrescentou.

O prefeito de Valparaíso de Goiás, Pábio Mossoró (MDB), disse que a situação dos pacientes na cidade está muito preocupante. “Hoje, em Valparaíso, estamos com as unidades [de saúde] todas restritas. O Hospital Regional de Luziânia, que recebe toda demanda do Entorno, está em colapso, não tem mais vaga em UTI”, ressaltou o emedebista.

Nesta segunda, em Luziânia, uma jovem de 20 anos morreu à espera de um leito de UTI para Covid-19.

 

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