SxSW: startup brasileira é premiada por solução financeira em escolas

Austin (EUA) – A startup brasileira Educbank fez história no South by Southwest (SxSW 2023) – evento de tecnologia e cultura que acontece todos os anos em Austin, Texas – ao receber o prêmio de inovação na categoria People’s choice (escolha popular). Foi a primeira vez na história que uma companhia do Brasil conquista a honraria e, neste ano, a empresa foi a única representante da América Latina.

“Premiações como esta, do SXSW Innovation Awards, são fundamentais para estimular o surgimento de novas iniciativas e chancelar aquelas que são comprovadamente compromissadas com a inovação”, diz Danilo Costa, fundador da Educbank.

A premiação lotou uma das salas do Hotel Hilton, em Austin, onde o festival acontece, e movimentou torcidas e a comunidade empreendedora – especialmente os brasileiros, presentes em massa no evento, que acontece todos os anos.

A startup foi fundada em 2020, e vem registrando um significativo crescimento médio de 20% ao mês desde o início das operações, segundo seu fundador. O Educbank levantou R$ 200 milhões em 2022 e, com o aporte, a companhia estima transacionar mais de R$ 1 bilhão em pagamentos escolares em um ano.

Ao Metrópoles, o fundador da Educbank explicou que a empresa praticamente criou um nicho de atuação, entre as fintechs e as edtechs – dois universos que tendem a serem opostos.

“Temos um nicho específico de atuação. Somos a primeira instituição de fomento financeiro à educação básica na América Latina e criamos uma solução financeira centrada nas necessidades das escolas de ensino básico, que atendem 0 a 17 anos. Não atendemos nenhum outro setor. O prêmio do SXSW é uma evidência de que é possível inovar com segurança em educação”, diz Costa.

Experiência própria

A startup vencedora do prêmio no SxSW foi criada a partir da experiência de Costa, que administrava sua rede de escolas. Segundo ele, a inadimplência e a falta de acesso ao capital impedia as escolas de reinvestirem – e ficarem na educação. O Educbank funciona como um “rating”: usa machine learning para avaliar escolas (levando em consideração o aprendizado dos alunos, a qualidade da escola e o valor da mensalidade).

Quanto mais alto é o potencial acadêmico vis a vis o valor da mensalidade, melhor é o rating da escola e, portanto, maior e melhor será o volume de investimento disponibilizado pelo Educbank para ela.

Ao romper essa barreira que separa as edtechs das fintechs, Costa percebe que um novo cenário para desenvolver produtos financeiros de educação surgiram.

“Com certeza isso vai transformar o setor educacional no Brasil e na América Latina nos próximos 5 anos. E já estamos vendo isso acontecer. O Educbank foi pioneiro e inovador na América Latina, ao oportunizar produtos financeiros para educação básica, algo que inacreditavelmente ainda não existia até 2020. Após a nossa criação, novos players inspirados no Educbank surgiram no Brasil, e também estão surgindo na América Latina, como por exemplo no México, Argentina e Colômbia”, aponta.

Estímulo para novas iniciativas

Ainda segundo Danilo Costa, obter destaque numa premiação como esta, em um dos maiores eventos de empreendedorismo do planeta, são fundamentais para estimular o surgimento de novas iniciativas e reconhecer aquelas já no caminho da inovação.

E, apesar das dificuldades de atuar em um nicho “tradicional” como a educação, Costa enxerga que cada vez mais produtos para a educação básica têm uma relevância expressiva.

Para aqueles que estão começando, o criador da startup do ano, segundo a escolha popular do South by Southwest 2023, deixa dois conselhos: priorizar o planejamento estratégico e focar em pessoas.

“Há uma frase famosa que revela de forma bem simples a importância de ter um bom planejamento: ‘Se você falha em planejar, você está planejando falhar’. Portanto, isso também serve para todos os negócios. Se você não sabe onde quer chegar, você tende a ficar estagnado”, lembra.

E deixa outro conselho: “Considero que para toda construção sólida, seja ela em qualquer setor da sociedade, é necessário ter colaboradores engajados. Ou seja, ao iniciar uma trajetória coletiva a chance de obter êxito vai depender muito do quanto as lideranças se atentam a gestão de pessoas”.