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Crise na Amazônia coloca eleitorado de centro contra Bolsonaro

De acordo com a consultoria Bites, o presidente forneceu argumento necessário para quem estava em silêncio diante da disputa com a oposição

atualizado

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Presidente Jair Bolsonaro fala na saída do Palácio da Alvorada
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro fala na saída do Palácio da Alvorada - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

A crise provocada pelos desmatamentos e as queimadas na Amazônia atingiu o presidente Jair Bolsonaro (PSL) também nas redes sociais, onde sua tração digital – algoritmo utilizado para medir a capacidade de um agente em amplificar a sua mensagem junto aos seus seguidores na Internet – registrou o segundo menor patamar desde a sua posse, em 1º de janeiro. O algoritmo foi desenvolvido pela Bites, consultoria em gestão de risco e crises digitais.

O atual cenário só não é pior do que o verificado em 9 de maio, quando Bolsonaro assinou o decreto que ampliou o acesso dos brasileiros a armas de fogo. A tração presidencial nunca ficou tão baixa, nem após os comentários recorrentes do presidente em relação a costumes ou outros temas de interesse da agenda conservadora da sua administração.

Há uma relação entre maio e os dias atuais: nas duas ocasiões, o presidente forneceu o argumento necessário para quem estava em silêncio diante da sua disputa com a oposição, especialmente o PT, criticá-lo e sair do casulo e da zona de conforto.

São eleitores de centro antipetistas e mais interessados em temas de dimensão global, como a preservação ambiental e o seu impacto na vida pessoal e nos negócios. A queda de braço envolvendo a Amazônia reagrupa famílias, divididas pelo espectro ideológico, e incomoda empresários interessados em vender mais para o exterior.

Nesse aspecto, o barulho for maior porque eles se agruparam com a oposição e outros grupos de defesa do meio ambiente. Não foi uma reação que os bolsonaristas podem considerar de agrupamentos esquerdistas.

Grupo tolerante
Moderados entraram no debate e apenas sairão quando o governo fornecer uma resposta satisfatória para a questão. Nesse sentido, Bolsonaro pode entender que há temas que atraem esse tipo de grupo, tolerantes com a sua agenda na área de costumes.

Nas últimas 24 horas, a pressão internacional sobre o Brasil também impactou o universo digital. Entre 425 mil notícias publicadas nas últimas 24 horas no mundo, identificadas pelo Sistema Analítico Bites, dos 300 artigos mais compartilhados no Facebook e Twitter, oito tratavam da crise ambiental. No total, os textos foram compartilhados 762 mil vezes.

Mesmo diante dessa tensão, os aliados de Bolsonaro conseguiram esboçar uma reação local e internacional. As hashtags #MacronLies e #somostodosRicardoSalles entraram nos trending topics do Twitter no mundo.

Novos seguidores
O próprio presidente Bolsonaro fez 28 posts nas suas redes sociais nas últimas 24 horas. Obteve 1,2 milhão de interações e aumentou a sua base em 22 mil novos seguidores, mostrando que ainda tem capacidade de influenciar o debate.

O presidente da França, Emmanuel Macron, nesse mesmo período, produziu 12 posts, entre eles aquele da polêmica sobre a Amazônia. O francês alcançou 237 mil interações.

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