CIEE: raio X dos estágios mostra queda na oferta e aumento nas bolsas
Pesquisa aponta que famílias também passaram a depender mais das bolsas-auxílio, com a diminuição nas rendas dos pais
atualizado
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Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17/5) pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) mostra que houve uma queda significativa no número de estágios em comparação com o mesmo período em 2020. Segundo o CEO do CIEE, Humberto Casagrande, com a pandemia, as empresas focaram na redução de gastos cortando os programas de estágios. O índice é avaliado como preocupante, já que as bolsas-auxílio passaram a ser mais fundamentais na economia familiar.
O levantamento, que teve participação do IBOPE Inteligência, foi feito entre dezembro de 2020 e abril de 2021, pela internet, e contou com entrevistas de mais de 6.500 estagiários. Os resultados, no entanto, foram preocupantes para Casagrande: “Temos 48,3 milhões de estudantes, no Brasil, e não há para eles sequer uma política especial. Não há para eles nenhum olhar no ambiente de crise. Não há nenhuma política de resgate desses jovens que estão bastante desesperançados”.
Casagrande informou que, atualmente, o CIEE tem 200 mil jovens em programas de estágio e aprendizagem, mas outros 1,5 milhão ainda aguardam uma oportunidade.
Segundo os pesquisadores, houve o percentual de responsabilidade dos estudantes dentro da família cresceu. O levantamento mostra que 70% dos jovens utilizam a renda obtida com o estágio para ajudar nos custos da casa. A média das bolsas-auxílio, no entanto, aumentou de R$ 703 para R$ 895,22, valor considerado pouco, já que houve uma diminuição na renda total das famílias em relação a 2020.
A superintendente nacional de operações do CIEE, Mônica Vargas, afirmou, entretanto, que a economia apresenta sinais de melhora. “A oferta vem singelamente crescendo, mas não se compara a 2019”, disse. Segundo ela, a pesquisa apontou que a queda aconteceu a partir de março e abril do ano passado, momento em que foi declarada a pandemia de Covid-19.
Sobre os sistema de trabalho em home office, a pesquisa mostra que 54% das empresas continuaram com os estágios presenciais. Porém, Casagrande acredita que esse modelo não deve voltar a dominar mesmo com a diminuição nas restrições pela Covid-19. Avalia que o mais provável é que um sistema híbrido seja adotado, uma vez que o home office permite uma redução de custos. “O resultado disso vai ser uma nova realidade que vai estar no meio entre esses dois extremos, de ficar em casa ou ficar na empresa.”