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Cidades campeãs em queimadas elegem prefeitos com multas ambientais

Municípios no Pará, Amazonas e Mato Grosso elegeram prefeitos que têm, juntos, ao menos R$ 26,3 milhões em multas ambientais

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles (@hugobarretophoto)
Imagem colorida do Parque Nacional de Brasília destruído após incêndio
1 de 1 Imagem colorida do Parque Nacional de Brasília destruído após incêndio - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles (@hugobarretophoto)

Cinco das 10 cidades que mais registraram focos de incêndio em 2024 elegeram, no último domingo (6/10), prefeitos com histórico de autuação por infrações ambientais. As multas somam ao menos R$ 26,3 milhões.

Levantamento do Metrópoles encontrou casos de desrepeito às leis ambientais, entre 2005 e 2023, por parte de prefeitos eleitos em primeiro turno nos municípios mais afetados por queimadas.

Em São Félix do Xingu, no Pará, o pecuarista Fabricio Batista (Podemos) obteve 15,9 mil votos – o equivalente a 49,23%. De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o prefeito eleito foi multado em R$ 2,2 milhões, em 2017, por destruir 440,76 hectares de floresta nativa da Amazônia Legal.

O município ocupa a primeira colocação no ranking das cidades com mais focos de incêndio. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram mais de 7 mil registros entre janeiro e outubro deste ano.

Batista superou o candidato à reeleição, João Cleber (MDB), que também acumula débitos com o Ibama. As multas do atual prefeito chegam a R$ 9,2 milhões.

Já em Novo Progresso (PA), a quarta entre as cidades mais afetadas, Gelson Dill (MDB) foi reeleito com 81,61% dos votos. O político tem uma multa de R$ 445 mil por desmatamento, referente a uma infração cometida no município de Itaituba (PA). Procurado, o prefeito não quis se manifestar.

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Prefeito recordista

O caso mais emblemático é o do prefeito eleito por Apuí, Marquinhos Maciel (MDB), ex-prefeito da cidade e caminhoneiro. Apuí é o quinto município do país com maior número de focos de queimadas, 4,5 mil registros em 2024.

O político tem ao menos 30 infrações, que totalizam R$ 23,5 milhões em multas. Entre as ocorrências, o Ibama aponta o envolvimento do prefeito com episódios de desmatamento em áreas preservadas e queimadas.

Há ainda registros de multas ambientais em nome do prefeito eleito pela sexta cidade com mais queimadas, Lábreas, no Amazonas. Gerlando Lopes (PL) foi autuado no ano passado por desmatar 36,44 hectares de floresta preservada. O valor do débito é de R$ 185 mil.

À reportagem, Lopes afirmou que a área havia sido desmatada pelo antigo proprietário da terra, mas que o trecho faz parte da área de uso da propriedade reservada para a agricultura. O prefeito eleito assumiu a responsabilidade pela multa e reforçou que está recorrendo. “O Ibama veio fazer uma operação e saiu autuando todo mundo aqui no sul do Amazonas”, justificou.

Já em Colniza, Mato Grosso, Milton de Souza Amorim, conhecido como Miltinho (União Brasil), foi reeleito para a prefeitura da cidade em primeiro turno com 78,56% dos votos. A empresa dele, chamada Madeireira Santa Clara, tem uma infração por declarar dados falsos no sistema de controle ambiental, o que rendeu uma multa de R$ 11,5 mil em 2019.

Fabricio Batista, João Cleber, Marquinhos Maciel e Miltinho foram procurados pela reportagem, mas não responderam até o fechamento deste texto. O espaço segue aberto para manifestações.

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