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Cidade que negou propina em ouro a pastor ainda espera verba de creche

Prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, confirmou ter recebido pedido de propina em barra de ouro do pastor Arilton Moura

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
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1 de 1 ministerio da educacao - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A prefeitura de Luís Domingues, cidade de 7 mil habitantes no interior do Maranhão, espera há mais de um ano por resposta do Ministério da Educação a uma solicitação de verbas federais para a construção de duas creches. A demanda se tornou célebre porque o prefeito da cidade, Gilberto Braga, confirmou em depoimento à Comissão de Educação do Senado ter recebido um pedido de propina em barra de ouro do pastor Arilton Moura.

Arilton é um dos presos na operação Acesso Pago, da Polícia Federal, na última quarta-feira (23/4).

O prefeito depôs no Senado em abril deste ano e relatou ter viajado a Brasília em 7 de abril do ano passado para tratar da destinação de verbas do MEC para o município maranhense. Ele disse ter participado de palestra com o pastor de depois de um almoço, junto a mais 20 prefeitos, no qual teria ouvido o pedido de propina.

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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro
Ministério da Educação (MEC)
No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos
A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois
No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura
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Recentemente, um áudio em que Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras a pedido do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação

Reprodução/Instagram
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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro

Isac Nóbrega/PR
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Ministério da Educação (MEC)

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No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois

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No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura

Igo Estrela/Metrópoles
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Pouco tempo depois, outras denúncias começaram a surgir. Dessa vez, o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro, revelou que Arilton Moura pediu R$ 15 mil, além de compras de Bíblias, para “ajudar na construção da igreja”

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O prefeito de Bonfinópolis, revelou ainda que os envolvidos chegaram a oferecer abatimento de 50% na propina para liberação de verbas para escolas. Segundo ele, os valores eram fixados de acordo com o grau de proximidade. Caso fossem “conhecidos” de alguns dos pastores, o valor da propina era apresentado “com desconto”

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Ministério da Educação

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Agora, a Comissão de Educação do Senado Federal ouviu prefeitos que testemunharam o suposto esquema de favorecimento e o presidente do colegiado, Marcelo Castro (MDB-PI), pediu cautela antes de defender que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

Geraldo Magela/Agência Senado
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Segundo Castro, a comissão quer “cumprir algumas etapas” antes de proceder com a defesa de uma CPI para apurar os episódios envolvendo a pasta

Geraldo Magela/Agência Senado
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Entre elas, estão a realização de oitivas com o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, além do ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de atuar como lobistas no ministério

Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Segundo o jornal O Globo, os pastores perceberam as portas do Executivo abertas muito antes de Ribeiro assumir o MEC. Eles, na verdade, se envolveram com o governo Bolsonaro graças ao deputado João Campos (Republicanos), que é pastor da Assembleia de Deus. A partir disso, se aproximaram do atual presidente e conquistaram espaço

Reprodução

“O pastor Arilton Moura convidou todos os prefeitos para um almoço em um restaurante e disse que seria por conta dele. Foi quando o pastor Arilton virou para mim e quis saber minhas demandas; apresentei para ele e ele me disse: ‘Você vai me arrumar os R$ 15 mil para mim [sic] protocolar as suas demandas e, depois que o recurso já estiver empenhado, você, como sua região é de mineração, vai me trazer 1 kg de ouro'”, disse o prefeito Gilberto Braga aos senadores.

Veja:

O advogado Abdon Marinho, que representa o prefeito de Luís Domingues, disse ao Metrópoles nesta quinta-feira (23/6) que nenhuma propina foi paga e que o município ainda não recebeu verbas nem resposta.

“Para falar a verdade, o prefeito sequer levou a sério esse pedido por ouro. Considerou uma espécie de piada”, disse o advogado. “E essa verba para as creches, o processo está lá no MEC. O prefeito ainda espera”, completou Marinho.

Lar de brasileiros com pouca renda em sua maioria, a cidade de Luís Domingues conta com parca infraestrutura de serviços públicos e abriga, em sua zona rural, dezenas de lavras ilegais de garimpo de ouro, o que teria motivado o pedido específico do pastor acusado de lobby criminoso.

Operação da PF

O pastor Arilton Moura foi preso na mesma operação que teve como alvos o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e o também pastor Gilmar Santos. Moura é pivô da investigação, pois teria feito um depósito de R$ 60 mil na conta de Ribeiro, que a defesa do ex-ministro explica como fruto a venda de um carro da esposa dele para a filha do pastor.

Os presos durante a Operação Acesso Pago passarão por audiência de custódia nesta quinta-feira (23/6). O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, de São Paulo, e o pastor Arilton Moura, do Pará, vão falar virtualmente. Já o pastor Gilmar Santos participará presencialmente, na 15ª Vara da Justiça Federal, em Brasília.

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O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Milton Ribeiro
Ex-ministro foi preso na quarta-feira (22/6) pela PF
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Milton Ribeiro (à esq.), ex-ministro da Educação, ao lado do pastor Arilton Moura

Luis Fortes/ MEC
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O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Milton Ribeiro

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Ex-ministro foi preso na quarta-feira (22/6) pela PF

Vinicius Schmidt/Metrópoles

Esperando o MEC

O Metrópoles solicitou ao Ministério da Educação informações sobre a demanda da cidade de Luís Domingues por verbas para a construção de creches e ainda não recebeu nenhuma resposta. Se e quando o órgão se manifestar, a reportagem será atualizada.

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