1 de 1 ministerio da educacao
- Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A prefeitura de Luís Domingues, cidade de 7 mil habitantes no interior do Maranhão, espera há mais de um ano por resposta do Ministério da Educação a uma solicitação de verbas federais para a construção de duas creches. A demanda se tornou célebre porque o prefeito da cidade, Gilberto Braga, confirmou em depoimento à Comissão de Educação do Senado ter recebido um pedido de propina em barra de ouro do pastor Arilton Moura.
O prefeito depôs no Senado em abril deste ano e relatou ter viajado a Brasília em 7 de abril do ano passado para tratar da destinação de verbas do MEC para o município maranhense. Ele disse ter participado de palestra com o pastor de depois de um almoço, junto a mais 20 prefeitos, no qual teria ouvido o pedido de propina.
14 imagens
1 de 14
Recentemente, um áudio em que Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras a pedido do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação
Reprodução/Instagram
2 de 14
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro
Isac Nóbrega/PR
3 de 14
Ministério da Educação (MEC)
Marcelo Camargo/Agência Brasil
4 de 14
No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos
Rafaela Felicciano/Metrópoles
5 de 14
A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois
Instagram
6 de 14
No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura
Igo Estrela/Metrópoles
7 de 14
Pouco tempo depois, outras denúncias começaram a surgir. Dessa vez, o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro, revelou que Arilton Moura pediu R$ 15 mil, além de compras de Bíblias, para “ajudar na construção da igreja”
Pixabay
8 de 14
O prefeito de Bonfinópolis, revelou ainda que os envolvidos chegaram a oferecer abatimento de 50% na propina para liberação de verbas para escolas. Segundo ele, os valores eram fixados de acordo com o grau de proximidade. Caso fossem “conhecidos” de alguns dos pastores, o valor da propina era apresentado “com desconto”
Reprodução/Instagram
9 de 14
Ministério da Educação
Rafaela Felicciano/Metrópoles
10 de 14Rafaela Felicciano/Metrópoles
11 de 14
Agora, a Comissão de Educação do Senado Federal ouviu prefeitos que testemunharam o suposto esquema de favorecimento e o presidente do colegiado, Marcelo Castro (MDB-PI), pediu cautela antes de defender que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
Geraldo Magela/Agência Senado
12 de 14
Segundo Castro, a comissão quer “cumprir algumas etapas” antes de proceder com a defesa de uma CPI para apurar os episódios envolvendo a pasta
Geraldo Magela/Agência Senado
13 de 14
Entre elas, estão a realização de oitivas com o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, além do ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de atuar como lobistas no ministério
Edilson Rodrigues/Agência Senado
14 de 14
Segundo o jornal O Globo, os pastores perceberam as portas do Executivo abertas muito antes de Ribeiro assumir o MEC. Eles, na verdade, se envolveram com o governo Bolsonaro graças ao deputado João Campos (Republicanos), que é pastor da Assembleia de Deus. A partir disso, se aproximaram do atual presidente e conquistaram espaço
Reprodução
“O pastor Arilton Moura convidou todos os prefeitos para um almoço em um restaurante e disse que seria por conta dele. Foi quando o pastor Arilton virou para mim e quis saber minhas demandas; apresentei para ele e ele me disse: ‘Você vai me arrumar os R$ 15 mil para mim [sic] protocolar as suas demandas e, depois que o recurso já estiver empenhado, você, como sua região é de mineração, vai me trazer 1 kg de ouro'”, disse o prefeito Gilberto Braga aos senadores.
Veja:
O advogado Abdon Marinho, que representa o prefeito de Luís Domingues, disse ao Metrópoles nesta quinta-feira (23/6) que nenhuma propina foi paga e que o município ainda não recebeu verbas nem resposta.
“Para falar a verdade, o prefeito sequer levou a sério esse pedido por ouro. Considerou uma espécie de piada”, disse o advogado. “E essa verba para as creches, o processo está lá no MEC. O prefeito ainda espera”, completou Marinho.
Lar de brasileiros com pouca renda em sua maioria, a cidade de Luís Domingues conta com parca infraestrutura de serviços públicos e abriga, em sua zona rural, dezenas de lavras ilegais de garimpo de ouro, o que teria motivado o pedido específico do pastor acusado de lobby criminoso.
O pastor Arilton Moura foi preso na mesma operação que teve como alvos o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e o também pastor Gilmar Santos. Moura é pivô da investigação, pois teria feito um depósito de R$ 60 mil na conta de Ribeiro, que a defesa do ex-ministro explica como fruto a venda de um carro da esposa dele para a filha do pastor.
Os presos durante a Operação Acesso Pago passarão por audiência de custódia nesta quinta-feira (23/6). O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, de São Paulo, e o pastor Arilton Moura, do Pará, vão falar virtualmente. Já o pastor Gilmar Santos participará presencialmente, na 15ª Vara da Justiça Federal, em Brasília.
3 imagens
1 de 3
Milton Ribeiro (à esq.), ex-ministro da Educação, ao lado do pastor Arilton Moura
Luis Fortes/ MEC
2 de 3
O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Milton Ribeiro
Rafaela Felicciano/Metrópoles
3 de 3
Ex-ministro foi preso na quarta-feira (22/6) pela PF
Vinicius Schmidt/Metrópoles
Esperando o MEC
O Metrópoles solicitou ao Ministério da Educação informações sobre a demanda da cidade de Luís Domingues por verbas para a construção de creches e ainda não recebeu nenhuma resposta. Se e quando o órgão se manifestar, a reportagem será atualizada.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal de notícias no Telegram.
Quais assuntos você deseja receber?
Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:
1.
Mais opções no Google Chrome
2.
Configurações
3.
Configurações do site
4.
Notificações
5.
Os sites podem pedir para enviar notificações
Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?