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Cidade mais insegura do Brasil tem protesto de mulheres contra violência policial

Moradores de Jequié, na Bahia, convivem com mortes por facções e pela polícia. Cidade tem lista de jurados de morte e guerra de traficantes

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Reprodução/TV Jequié
foto colorida de protesto em jequie bahia - Metrópoles
1 de 1 foto colorida de protesto em jequie bahia - Metrópoles - Foto: Reprodução/TV Jequié

Um grupo de mulheres tem realizado protestos contra a violência policial em Jequié (BA), considerada a cidade mais violenta do Brasil no ano passado, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgada nesta semana.

Só no ano passado, foram contabilizadas 141 mortes violentas intencionais na cidade, que é a soma de homicídio, feminicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de óbito, além das mortes de policiais e em ações da polícia.

A Bahia é o segundo estado com as maiores taxas de assassinatos no geral e de mortes em ações policiais, ficando atrás do Amapá.

Em 23 de maio deste ano, dezenas de mulheres caminharam pela cidade, em direção à Câmara dos Vereadores, carregando faixas e cartazes de protesto (foto em destaque). A maioria das manifestantes são parentes de pessoas mortas em ações policiais.

Veja o vídeo:

“Entraram dentro da minha casa e executaram meu marido, que estava dormindo. Eles falam que foi troca de tiro, implantam armas e drogas”, denunciou uma das mulheres que participava do protesto, em vídeo da TV Jequié.

As integrantes do movimento denunciam que são agredidas fisicamente durante operações policiais e têm itens de suas casas roubados por policiais. Muitas dessas operações ocorrem no bairro Joaquim Romão. O próximo protesto está marcado para o sábado (22/7).

Briga de facções

A explosão de homicídios em Jequié começou após uma cisão dentro da “filial” da facção carioca Comando Vermelho (CV), que dominava o tráfico de drogas no município até 2021.

Parte dos integrantes da facção carioca deixou o grupo e se alinhou à facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde então, começou uma guerra entre os dois grupos.

O ápice do conflito ocorreu em abril de 2022 e no segundo semestre do ano passado, de acordo com o coordenador da Polícia Civil na região, o delegado Rodrigo Fernando. Nesse período, houve uma lista de jurados de morte que circulou nas redes sociais.

“O que a gente vive hoje é um momento diferente do que era 10 anos atrás. Hoje, o tráfico de drogas arregimenta pessoas cada vez mais novas, e essas pessoas vêm empregando um nível de violência cada vez maior”, explica o delegado.

Rodrigo Fernando afirma que os números em 2023 são “melhores”, com redução de 24% no número de homicídios até agora. Ele defende que isso ocorreu após ações da polícia, com a prisão de homicidas e a transferência de sete presos considerados perigosos.

Sobre a grande quantidade de mortes pela polícia e as denúncias de violência policial, o delegado afirmou que a situação é investigada, mas já adiantou que, até o momento, nenhum abuso de autoridade teria sido detectado.

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