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Cidade da Chapada manda fazendeiro tirar búfalos de sítio kalunga

Proprietário diz que não vai cumprir ordem da Prefeitura de Cavalcante para retirar animais de território, que também é patrimônio cultural

atualizado

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Elder Miranda Jr/Associação Quilombola Kalunga
Búfalos são pivô de polêmica em sítio kalunga, na região da Chapada dos Veadeiros (GO)
1 de 1 Búfalos são pivô de polêmica em sítio kalunga, na região da Chapada dos Veadeiros (GO) - Foto: Elder Miranda Jr/Associação Quilombola Kalunga

Goiânia – Um fazendeiro de Cavalcante, no nordeste de Goiás, foi notificado pela prefeitura para retirar, até esta quinta-feira (15/4), 51 búfalos levados há uma semana para a região do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga. Ele disse ao Metrópoles que vai desconsiderar a ordem do município, contrariando regimento interno dos  quilombolas, que proíbe a criação dos animais no território.

Dos 51 búfalos, 30 chegaram em uma primeira viagem e deixados na região de uma serra, na última quinta-feira (8/4). No dia seguinte, outros 21 foram levados para o local em uma segunda viagem e tiveram a passagem barrada pelos kalungas.

Os quilombolas, então, colocaram os animais em um pasto cercado na entrada de uma das comunidades, para diminuir os impactos em outras áreas mais sensíveis e facilitar a logística de retirada deles.

O fazendeiro Marcos Rodrigues da Cunha, conhecido como Marcos Búfalo, afirmou ao portal que cria os animais apenas em Goiás e que não vai cumprir a determinação do município.

“Eles [búfalos] aguentam melhor o campo do que os bovinos e dão leite e carne. Vou provar para eles [da prefeitura] que não têm esse direito porque minha terra não faz parte de [território] kalunga”, afirmou, antes de chamar o repórter de “abelhudo” por divulgar o caso.

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Búfalos em sítio histórico  de kalungas, em Cavalcante (GO)
Búfalos degradam sítio histórico kalunga em Cavalcando (GO)
Moradores das comunidades Kalunga se concentraram para barrar a passagem de búfalos para dentro do sítio histórico, em Cavalcante (GO)
Desmatamento em territótio kalunga, Cavalcante (GO)
Vista de sítio histórico kalunga em Cavalcante
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21 cabeças de búfalos, pertencentes ao dono da Fazenda Choco, foram impedidas de passar. Kalungas alegam impacto ambiental que o animal causa e proibição do regimento interno

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Búfalos em sítio histórico de kalungas, em Cavalcante (GO)

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Búfalos degradam sítio histórico kalunga em Cavalcando (GO)

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Moradores das comunidades Kalunga se concentraram para barrar a passagem de búfalos para dentro do sítio histórico, em Cavalcante (GO)

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Desmatamento em territótio kalunga, Cavalcante (GO)

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Vista de sítio histórico kalunga em Cavalcante

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Animais foram levados para um pasto temporário até que a questão seja solucionada

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Região do sítio histórico kalunga, em Cavalcante

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Vista aérea de Fazenda Choco, no território kalunga, em Cavalcante (GO)

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Búfalos enfileirados em fazenda de sítio histórico kalunga, em GO

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Região do sítio histórico kalunga, em Cavalcante

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Ao todo, 21 cabeças de búfalo foram levadas para um pasto temporário até que o impasse seja solucionado

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Búfalos levado para Cavalcante

Gabriel Jabur/Agência Brasília
Alvo de desapropriação

Imóvel de Marcos Búfalo, a Fazenda Choco fica dentro do território kalunga, mas está na lista das áreas a serem desapropriadas, desde que foi feita a demarcação do sítio histórico dos quilombolas.

O regimento interno da comunidade quilombola proíbe a presença dos animais dentro do território, devido ao impacto ambiental que eles causam, destruindo nascentes e beiras de córregos, derrubando cercas e comendo plantações.

Realizado após fiscalização ao local no último domingo (12/4), parecer da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente constatou que os búfalos estão em área de alta vulnerabilidade, com presença de muitas veredas e nascentes.

Abastecimento de água

Além disso, segundo o relatório, os animais estão em campos úmidos importantes para o território, já que fornecem água para grandes comunidades kalungas.

A área, de acordo com a secretaria, também tem nascentes de rios que formam cachoeiras e são atrativos turísticos que ajudam a movimentar a economia da região.

“Os búfalos estão sendo criados soltos no território, sem qualquer tipo de cerca, e não respeitam limites de divisas”, diz um trecho do relatório da secretaria do município Cavalcante.

De acordo com a prefeitura, a atividade está sendo desenvolvida sem a licença ambiental dos órgãos competentes e, por isso, está em situação irregular.

No dia da visita, segundo a prefeitura, um dos búfalos que estavam no cercado escapou, e os kalungas resgataram o animal depois de 10 quilômetros.

A reportagem não localizou o contato do advogado do fazendeiro, Luciano Bittencourt, citado no relatório.

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