Cid entregou dinheiro de joias nas mãos de Bolsonaro, diz revista
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, teria dito à PF que entregou dinheiro da venda de relógios diretamente ao ex-presidente
atualizado
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teria dito em depoimento à Polícia Federal (PF) que entregou nas mãos do ex-presidente o dinheiro obtido com a venda de dois relógios nos Estados Unidos. As joias foram recebidas como presentes por governos estrangeiros, pertencem à Presidência da República e não podem ser personalizadas.
O testemunho de Mauro teria sido feito poucos dias antes de ser solto e nele o ex-ajudante de Bolsonaro confessou a participação em dois crimes investigados pelo Supremo Tribunal Federal: o caso das joias vendidas e a falsificação de cartões de vacinação. As revelações foram feitas em reportagem da revista Veja, nesta sexta-feira (15/9).
Segundo a publicação, Cid afirmou que tentou fraudar os registros do Ministério da Saúde para a mulher e as filhas. Mas não teria sido para a entrada nos Estados Unidos ou em outro país que exigisse o cartão de vacinação. O militar afirmou que ele tinha medo de retaliação porque a família não havia se vacinado contra a Covid-19.
“Eu estava com medo de perseguição, a gente não sabia o que ia acontecer. Estava com medo de a minha filha não poder ir para a escola, a minha esposa não poder entrar no mercado”, teria apontado no depoimento.
Cid envolve Bolsonaro: “Em mãos”
No caso da venda das joias, segundo documento obtido pela revista, Cid complica a situação do ex-chefe. O militar afirma que participou da venda dos relógios Patek Philippe e Rolex, recebidos de presente do governo árabe. Ele comercializou os produtos nos Estados Unidos, segundo investigações da própria PF. O dinheiro, então, teria sido repassado diretamente para Bolsonaro.
“O presidente estava preocupado com a vida financeira. Ele já havia sido condenado a pagar várias multas”, disse à PF. No depoimento, o militar afirmou que não sabia estar fazendo algo errado. O próprio Bolsonaro afirmou que os presentes eram “personalíssimos” e poderiam ser vendidos. “A venda pode ter sido imoral? Pode. Mas a gente achava que não era ilegal”, continuou.
Ele, então, detalhou o caminho do dinheiro obtido com a venda dos relógios. Primeiro, o valor foi depositado na conta do pai dele, o general Mauro Lourena Cid. Depois, o ex-ajudante sacou o dinheiro em espécie e repassou a Bolsonaro. “Em mãos. Para ele”, apontou o militar. Foram 68 mil dólares, sendo que uma parte chegou ao ex-presidente ainda em solo norte-americano.