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Cid acha que está “sendo arrastado para a lama por causa de Bolsonaro”

Na semana passada, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, Mauro Cid, prestou depoimento à Polícia Federal (PF)

atualizado

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Mauro Cid olha para frente durante CPI da CLDF
1 de 1 Mauro Cid olha para frente durante CPI da CLDF - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria feito desabafos ao ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, durante troca de mensagens no aplicativo WhatsApp. Cid disse que estaria “sendo arrastado para a lama por causa de Bolsonaro”.

A coluna do jornalista Ricardo Noblat, produzida em maio, teria sido enviada por Wajngarten à Cid, citado no texto junto a outros ex-auxiliares, que respondeu: “Não deixa de ser verdade”. Na coluna de Noblat, afirma-se que quem está próximo de Bolsonaro é afetado e “arrastado para a lama com ele” quando o ex-presidente “se dá mal”.

As informações e troca de mensagens são da colunista Juliana Dal Piva, do portal UOL. A defesa de Mauro Cid teria dito ao UOL que não tinha “nada a declarar” sobre o assunto.

O Metrópoles entrou em contato com o ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten. Ele disse que não vai comentar o assunto.

Mauro Cid e mais 7 pessoas prestaram depoimento à PF na semana passada, sendo:

O depoimento foi prestado na última quinta-feira (31/8). Deles, Wassef foi o único que não estava em Brasília. O depoimento dele é feito por meio de videoconferência a partir da PF de São Paulo.

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Pai de Mauro Cid tentou vender esculturas, parte de presentes oficias enviados por sauditas
Em conversa, Mauro Cid lembra o pai de fotografar as esculturas
Caixa onde escultura saudita estava guardada
Escultura apelidada de o "barco" fora da caixa
O "barco", um dos presentes oficiais enviados por sauditas que pai de Mauro Cid tentou negociar
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Pai de Cid deixa rosto aparecer em reflexo de caixa com esculturas sauditas

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Pai de Mauro Cid tentou vender esculturas, parte de presentes oficias enviados por sauditas

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Em conversa, Mauro Cid lembra o pai de fotografar as esculturas

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Caixa onde escultura saudita estava guardada

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Escultura apelidada de o "barco" fora da caixa

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O "barco", um dos presentes oficiais enviados por sauditas que pai de Mauro Cid tentou negociar

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Escultura apelidada de o "barco" dentro da caixa

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Escultura apelidada de o "barco" dentro da caixa

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Escultura apelidada de o "coquerio" fora da caixa

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Pai de Mauro Cid tentou avaliar a escultura apelidada de o "coqueiro", um dos presentes oficiais enviados por sauditas

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Escultura apelidada de o "coquerio" dentro da caixa

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Bolsonaro recebeu uma árvore semelhante as fotos em 16 de novembro de 2021, após Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira na cidade de Manama, Bahrein

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Fachada da Gold Grillz Miami, loja que comercializa produtos com ouro ou outros metais preciosos

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O caso das joias de Bolsonaro

Operação Lucas 12:2 investiga o destino de presentes entregues ao então presidente Jair Bolsonaro durante visitas oficiais. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), os itens devem ficar no acervo da União, e não no acervo pessoal do ex-mandatário.

Veja presentes de Bolsonaro negociados pelo pai de Mauro Cid em Miami.

Em 11 de agosto, aliados e auxiliares de Bolsonaro foram alvos de ação da PF no caso das joias. São eles: o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel Mauro Cid, o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef e o segundo-tenente Osmar Crivelatti.

Papel dos investigados

Bolsonaro e Michelle

A PF investiga se Jair Bolsonaro tinha conhecimento das negociações ilegais feitas por Cid, ou até mesmo se ele foi responsável por instruir os ajudantes de ordens a vender os presentes sauditas no exterior. Tanto o ex-presidente quanto Michelle tiveram a quebra do sigilo fiscal e bancário autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes.

Confrontado com as afirmações da defesa de Cid, de que o ex-ajudante de ordens teria vendido o Rolex e repassado US$ 25 mil a Bolsonaro em espécie, o ex-presidente foi enfático: “Não mandei ninguém vender nada. Eu não recebi nada”.

Em uma viagem oficial a Londres, na Inglaterra, em setembro de 2022, a ex-primeira-dama Michelle esqueceu uma caixa de papelão com joias debaixo da cama. Os itens foram recuperados pelos auxiliares da Presidência e colocada no cofre dos ajudantes de ordens — chefiados pelo tenente-coronel Mauro Cid.

Mauro Cid e pai

E-mails mostram que o tenente-coronel Mauro Cid negociou um relógio Rolex, de US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil). “Obrigado pelo interesse em vender seu Rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui”, diz mensagem recebida, em inglês, por Cid.

De acordo com as investigações, o pai do tenente-coronel Mauro Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, se encarregou de negociar os presentes nos Estados Unidos (EUA), onde vivia.

Com auxílio de geolocalização, a PF concluiu que os kits de joias ficaram, no ano passado, na casa de Lourena, em um condomínio de alto padrão na Flórida, onde o filho fotografou os itens para negociá-los com lojas especializadas.

Câmara e Crivelatti

Ao lado de Crivelatti, Marcelo Câmara, assessor de confiança do ex-presidente, afirmou em depoimento à PF que escalou o segundo-tenete para auxiliá-lo na tarefa de cuidar do acervo pessoal de Bolsonaro, após o término do mandato, na Fazenda Piquet.

Crivelatti teve que assinar a retirada de um Rolex ganho por Bolsonaro. O relógio, avaliado em R$ 300 mil, havia sido doado pelo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-aziz, em uma viagem oficial, e teria sido negociado pelo tenente-coronel Mauro Cid.

A dupla de militares também foi responsável por buscar os dois kits de joias sauditas devolvidos ao TCU. No entanto, as ações ocorreram em momentos diferentes.

Wassef

Uma das peças curiosas do caso, o advogado Frederick Wassef admitiu a compra, nos Estados Unidos, do relógio Rolex que foi dado de presente pelo governo árabe a Jair Bolsonaro e vendido ilegalmente por Mauro Cesar Cid.

Wassef disse ter comprado o relógio por US$ 49 mil (quase R$ 240 mil) com o próprio dinheiro durante as “férias” para “devolver à União” por causa da decisão do TCU, que solicitou a devolução dos presentes recebidos na gestão Bolsonaro.

Ele nega que tenha havida uma “missão de resgaste” para a recompra do relógio, como suspeita a PF. “Não foi Jair Messias Bolsonaro quem me pediu ou solicitou que comprasse o Rolex”, disse.

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