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Milhares de pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas que assolam o estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. A Defesa Civil do estado confirmou 95 mortes, outros 131 desaparecidos e 372 feridos.
Quase 159 mil pessoas ficaram desabrigadas e quase 1,44 milhão foram afetadas em 401 municípios.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a catástrofe no Brasil, bem como as inundações em curso na África Oriental, realçam a necessidade de uma resposta mais integrada ao El Niño e aos impactos das alterações climáticas.
O período entre o fim de abril e o início de maio de 2024 ainda é influenciado pelo El Niño. O fenômeno, responsável pelo aquecimento das águas do Pacífico, ajudou a bloquear frentes frias e a concentrar áreas de instabilidade sobre o Rio Grande do Sul.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, está atuando de forma conjunta e coordenada com o governo do estado e parceiros para responder à crise. Uma dessas organizações é o Aldeias Infantis SOS, que também teve seus projetos afetados pela enchente, conforme relato do gestor de território da organização no Rio Grande do Sul, Enéas Palmeira Machado.
“Eu preciso trazer um relato da situação das Aldeias Infantis no Rio Grande do Sul. no Estado, temos atuação em três programas, que ficam nas cidades de Santa Maria, Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre. Infelizmente, o Programa de Porto Alegre foi o mais atingido porque está debaixo d’água. No local, que fica no bairro Sarandi, demos atendimento para 42 crianças e seis adultos porque atuamos com famílias também, todos foram transferidos, estão bem e estão em segurança. Neste momento nosso propósito é pensar no bem-estar deles e na segurança dos nossos colaboradores também”.
O Acnur também trabalha com associações de diferentes nacionalidades para que informações essenciais possam chegar até as pessoas em risco, em diferentes idiomas, como crioulo, espanhol, francês e inglês.
Efeito da crise climática
A diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, afirmou em suas redes sociais que é “devastador ver enchentes catastróficas e letais no sul do Brasil”.
Ela expressou solidariedade com as pessoas afetadas e que perderam entes queridos e disse que “do Brasil ao Quênia e à Tanzânia, a natureza está clamando para que enfrentemos a crise climática”.
Uma nota do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, diz que a agência “se solidariza com a dor daqueles que perderam suas famílias, suas casas e sofrem com as consequências desse desastre”.
Resgate e novo alerta
As autoridades brasileiras resgataram 1 mil pessoas por meio de operações de resgate e emergência, conforme informou a Defesa Civil do Rio Grande do Sul. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva percorreu as regiões mais afetadas e anunciou um pacote de medidas emergenciais para ajudar as vítimas.
As imagens mostraram a enorme extensão das inundações. O aeroporto da capital Porto Alegre foi fechado, com ligações de transporte e fornecimento de energia cortados.
Por que as chuvas foram tão fortes?
Grande parte do Rio Grande do Sul foi atingida por fortes e persistentes chuvas desde 27 de abril, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em algumas regiões, especialmente nos amplos vales centrais, planaltos, encostas montanhosas e áreas metropolitanas, os volumes de precipitação ultrapassaram os 300 milímetros em menos de uma semana. No município de Bento Gonçalves, por exemplo, o volume chegou a 543,4 mm.
Porto Alegre recebeu 258,6 mm de chuva em apenas três dias. Este valor corresponde a mais de dois meses de chuva quando comparado com à média histórica para abril. Além dessa condição, a temperatura bem mais elevada do Oceano Atlântico Sul, próximo à faixa equatorial, também contribui para a umidade, intensificando as chuvas.
O transporte de umidade da Amazônia e o contraste térmico com o ar mais quente ao norte da Região Sul, bem como o ar mais frio ao sul do Rio Grande do Sul, também ajudaram a fortalecer as tempestades, disse o Inmet.
O Relatório sobre o Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2023 da OMM, a ser lançado nesta quarta-feira (8/5), examinará os impactos do El Niño e das mudanças climáticas na região no ano passado. O tema também esteve no topo da agenda das reuniões entre a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, e os líderes governamentais no Chile, de 1 a 2 de maio.
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