Chuvas deixam o sul da Bahia em situação dramática. Veja
Moradores se desesperam com a situação de calamidade provocada pelas fortes chuvas em cidades baianas
atualizado
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Desde a última terça-feira (7/12), a chuva atinge duramente dezenas de cidades do sul da Bahia. As regiões de Itamaraju, Prado, Jucuruçu, Teixeira de Freitas, Porto Seguro, Itacaré e Canavieiras foram algumas das atingidas pelos fortes temporais, que já duram mais de 48 horas.
Vitória Novais é moradora do Espírito Santo, mas conta que está angustiada com a situação do pai, que vive em Jucuruçu. “Perdi o contato com o meu pai quando a única torre de energia da cidade desabou. A última notícia que tive dele foi que seria abrigado por uma igreja que fica na parte mais alta da cidade”, explica.
A dona de casa conta que, assim como o pai, centenas de pessoas estavam ilhadas por causa dos temporais. “Várias pessoas perderam suas casas e estão dormindo no chão de escolas e igrejas. As casas sumiram de vista, está tudo embaixo d’água”, afirma Vitória.
“Eu não vejo ninguém do governo ajudando. Ninguém cria um plano de evacuação. Eles vão esperar essa água subir mais pra tirar a população de lá? Pessoas vão ter que morrer, a água vai ter que levar todo mundo?”, diz a moradora de Vila Velha (ES).
Na cidade de Itamaraju, Brunelly Pagotto relata que nunca viu tamanha tragédia. “A chuva não para, é o dia todo. O pouco de ajuda que recebemos só vem por cima, com os helicópteros. A estrada que liga Itamaraju à Prado [litoral sul baiano] está interditada, por que abriu uma cratera enorme fazendo com que ninguém tenha acesso à cidade vizinha”, conta.
A técnica de enfermagem explica que o nível do principal rio que passa pela cidade não para de subir. “A maioria das pessoas que moram próximas aos rios estão em abrigos. Quem não está é porque se recusou a sair de casa”, explica.
Além disso, uma das principais pontes do município está correndo risco de cair, obrigando os moradores das duas cidades a fazer a travessia a pé. Grávidas e pacientes em tratamento de hemodiálise estão sendo retirados por helicópteros e sendo encaminhados para hospitais vizinhos.
Assista no vídeo abaixo como está a situação das cidades atingidas
Ajuda humanitária
Voluntários que não tiveram suas casas atingidas se reuniram em escolas, creches e igrejas para ajudar pessoas que perderam tudo. A arrecadação de cestas básicas, água, roupas e sapatos está sendo feita em vários pontos da cidade.
Além da ajuda da própria população, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado da Bahia (Sudec) enviou três caminhões com água, colchões, lençóis, travesseiros, lonas e cestas básicas para as pessoas desabrigadas. Os produtos serão entregues em Itamaraju, e, de lá, seguirão para os outros municípios atingidos pelas chuvas.
Um avião decolou de Salvador nesta quinta-feira (9/12), transportando nove bombeiros militares que atuam na operação. Helicópteros partem tanto da capital quanto da Base Avançada de Barreiras (BA) e são encaminhados para as áreas onde a situação está mais crítica.
Pacientes que se encontravam ilhados em Cumuruxatiba, na cidade de Prado, foram levados para a sede do município e receberão atendimento médico.
Integrantes do Corpo de Bombeiros que estavam de licença ou férias, mas em condições de trabalhar, foram convocados a retornar ao serviço para participar da força-tarefa. Além disso, todas as unidades da corporação localizadas no interior da Bahia se transformaram em pontos de coleta de donativos para os desabrigados.
Mortes
Na madrugada da última quarta-feira (8/12) um deslizamento de terra na rua Espírito Santo, em Itamaraju, causou três mortes na mesma família.
As vítimas, que foram soterradas, eram duas crianças e um adulto. Ediel, de 26 anos, Cícero, de 9 e Ana Cecília, de apenas 4. As crianças são irmãs e o homem é tio delas, de acordo com testemunhas.
Tudo aconteceu por volta das 3h, enquanto a família dormia. Ao menos seis casas desabaram após o barranco deslizar.
O que diz o governo da Bahia
O governador Rui Costa (PT) confirmou que irá visitar a região do extremo sul do estado, onde estão os municípios atingidos pelas enchentes. “Assim que a água baixar, vamos fazer um levantamento detalhado de tudo que precisa ser reconstruído: estradas, pontes e casas que foram destruídas”, afirmou.
“Mas só dá para fazer esse levantamento depois que a água baixar, porque você precisa ver o estrago”, concluiu.
Rui disse ainda que já entrou em contato com alguns dos prefeitos e garantiu que o governo seguirá com a força-tarefa para levar ajuda humanitária às comunidades.