Chuvas causam transtornos e afastam turistas em Cavalcante, na Chapada
Chuvas estão afetando turismo na região de Cavalcante (GO), Chapada dos Veadeiros, com fechamento de hotéis, pontos turísticos e cachoeiras
atualizado
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Goiânia – As chuvas constantes na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, estão afetando o turismo em parte da região. Depois de enfrentar as restrições da pandemia do coronavírus durante 400 dias, pousadas, hotéis, restaurantes e bares estão às moscas, sem receber turistas, em Cavalcante. A situação é parecida na vizinha Teresina de Goiás.
O acesso às cidades para quem sai de Goiânia ou de Brasília está dificultado após o desabamento de trecho da rodovia GO-118, no final de dezembro de 2021. Para quem sai das capitais e quer ir para a região que fica acima do trecho interditado, o jeito é fazer um longo desvio passando pela Bahia, por Luiz Eduardo Magalhães.
Pouca gente tem se arriscado desde o fim do ano passado. Além do problema do trecho que está em obras, existem também trechos intransitáveis nas estradas sem asfalto que levam até as cachoeiras e pontos turísticos da região.
Flávio Lopes, de 70 anos, dono da Fazenda e Pousada Veredas, em Cavalcante, vive uma situação dramática. Ele, seu filho, a nora e dois netos estão há seis dias isolados na propriedade, sem conseguir chegar até a cidade.
“Estamos ilhados aqui sem poder ir à cidade. Saindo aqui da fazenda já tem um buraco que não passa carro. Depois, tem mais dois atoleiros. Vai dar um prejuízo enorme”, relatou ele ao Metrópoles.
Sem turistas e mantimentos
A Pousada Veredas possui dentro de sua área um complexo de oito cachoeiras. A chuva destruiu parte da estrutura de madeira de 200 metros que dava acessibilidade aos pontos turísticos, investimento recente do proprietário. Hóspedes cancelaram viagens por causa da chuva e estragos na rodovia.
“Já passamos pelo pior que foi na pandemia, quando ficamos 400 dias fechados. Agora, achou que ia dar uma recuperada. Mas vamos batalhar de novo e construir. Estou aqui há 31 anos e foi a primeira vez que vi uma chuva dessas aqui”, contou o empresário para a reportagem.
Veja vídeo da enchente:
Enquanto espera a conclusão da reforma nas estradas, Flávio e sua família estão consumindo os produtos que eles tinham comprado para os hóspedes no Ano Novo. No entanto, alguns itens já estão faltando.
“O leite do meu neto já acabou. Frutas e legumes já estão faltando. Se não arrumar a estrada, vamos ter que dar um jeito de ir na cidade, nem que seja a cavalo. No atoleiro ninguém está passando, nem tração nas quatro rodas. Está todo mundo com medo.”
A rede hoteleira localizada dentro de Cavalcante ou mais próximo da área urbana também foi impactada. As pousadas, campings e hotéis tiveram cancelamentos de reservas. Restaurantes também sentem o impacto da falta de visitantes. Além da interdição do trecho da GO-118 no fim do ano, as chuvas intensas acabaram afastando os turistas.
A situação não é muito diferente nos atrativos no sítio kalunga, como a famosa cachoeira Santa Bárbara, localizada dentro da área do povoado Engenho II. O acesso à região está restrito.
Tudo parado
A situação das chuvas também afeta o turismo da vizinha Teresina de Goiás, que também faz parte da Chapada dos Veadeiros. Desde que uma cratera se abriu na rodovia que dá acesso à cidade, turistas pararam de chegar.
Fernando Bueno, da pousada Canto Verde, disse que os hóspedes cancelaram o agendamento. A paralisação também está afetando os bares e restaurantes, que recebem os turistas.
“Todo mundo depende do turismo aqui. A cidade está toda vazia – bares, restaurantes – porque o pessoal da cidade não frequenta”, explicou Flávio.
Alto Paraíso
Em Alto Paraíso, apesar das chuvas, os empresários tentam diminuir o prejuízo com a queda da procura de turistas por conta da chuva. Nas áreas urbanas, não há muito impacto do período chuvoso. Já em relação às rotas turísticas, os guias, por exemplo, tentam adaptar os passeios à situação de momento.
Cabe observar que a cidade, assim como o povoado de São Jorge, ficam antes do trecho interditado da GO-118 para quem segue de Goiânia ou de Brasília. Ou seja, o acesso rodoviário aos locais não está prejudicado. O povoado, inclusive, fica colado na portaria do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.