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“Chuva preta”: queimadas mudam a cor da água no Rio Grande do Sul

Segundo pesquisadores, cor da água é resultado de mistura com fumaça de incêndios e queimadas

atualizado

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1 de 1 imagem colorida chuva preta rs - Foto: Izaura Plantikow/Débora Rodrigues/Carol Vianna

Moradores de cidades da Região Sul do Rio Grande do Sul, como Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte, registraram o fenômeno da “chuva preta” nessa terça-feira (10/9).

De acordo com o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a cor preta foi gerada a partir da fuligem da fumaça das queimadas que se misturou com a chuva.

Ao g1, a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, afirmou que o fenômeno também foi observado em cidades do norte do Uruguai, na fronteira com o RS. “A ‘chuva preta’ é o resultado da chuva normal, que está caindo das nuvens, mas que está passando por uma atmosfera muito carregada de fumaça”, explica.

A previsão de chuva para os próximos dias pode provocar o fenômeno em outras partes do estado.

“Durante esta quarta (11), quinta (12) e sexta-feira (13), com o deslocamento desta frente fria no Sul, nós vamos ter chuva. E com toda essa fumaça que está no Sul do Brasil, sim, nós poderemos ter a ocorrência de ‘chuva preta’ em vários locais dos três estados do Sul, inclusive em Porto Alegre, que está com muita fumaça”, afirma a meteorologista.

Sol alaranjado

Outro fenômeno registrado no estado nos últimos dias é o sol com tons alaranjados. Segundo Guilherme Borges, da Climatempo, a condição se dá pela interação dos raios solares com a fumaça originada nas queimadas florestais que chegou ao RS e, quanto maior a inclinação dos raios, mais forte é a tonalidade.

De acordo com a empresa suíça IQ Air, a qualidade do ar em Porto Alegre nessa terça-feira (10/9) esteve “insalubre”. A classificação varia entre “Bom”, “Moderado”, “Insalubre para grupos sensíveis”, “Insalubre”, “Muito insalubre” e “Perigoso”.

A concentração de partículas de até 2,5 micrômetros (PM2.5) na capital está quase 12 vezes acima do índice recomendado pelas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). O diâmetro dessas partículas é algo muito menor que um fio de cabelo, por exemplo.

Por causa desse tamanho reduzido, elas são capazes de ser inaladas e penetrar profundamente nos pulmões.

Em nota, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) afirmou que a Fepam “está em constante monitoramento da qualidade do ar na Região Metropolitana” e que apenas a estação de Triunfo, onde fica um polo industrial, “apresentou qualidade ruim nos dias 15 e 16 de agosto”. “As demais estações localizadas na Região Metropolitana apresentam boa qualidade do ar, conforme Resolução CONAMA Nº 506/2024”, diz o comunicado.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre emitiu uma série de recomendações:

Toda a população:

  • Se tiver sintomas respiratórios, busque atendimento médico o mais rápido possível
  • Beber mais água e líquidos para manter o aparelho respiratório úmido e mais protegido
  • Se possível, ficar menos tempo em ambiente aberto, durante o dia ou à noite
  • Manter portas e janelas fechadas, para diminuir a entrada da poluição externa no ambiente
  • Evitar atividades em ambiente aberto enquanto durar o período critico de contaminação do ar pela fumaça

Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios e imunológicos:

  • Manter ao alcance os medicamentos indicados pelo médico, para uso em crises agudas
  • Buscar imediatamente atendimento médico se apresentar sinais ou sintomas de piora das condições de saúde após exposição à fumaça
  • Consultar o médico sobre a necessidade de mudar o seu tratamento.

Riscos à saúde

  • Problemas respiratórios, como bronquite, asma e falta de ar
  • Doenças cardiovasculares: a exposição prolongada pode aumentar os níveis da pressão arterial
  • Irritação nos olhos, nariz e garganta
  • Recomendações de especialistas
  • Usar purificadores de ar
  • Realizar lavagem nasal com soro
  • Ingerir bastante água
  • Utilizar máscaras faciais

Cor da lua

Além de alterar as cores do pôr do sol, a alta concentração de poluentes pode modificar também a cor da lua. A mudança é reflexo da poluição e dos incêndios, que se multiplicam com o tempo mais seco.

Assim, quanto mais poluído o ar, mais vermelho é o tom da lua. E quanto mais ao horizonte a lua se encontrar, mais vermelha vai parecer, por conta do reflexo da luz nas partículas de poluição.

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