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Chocolates: ribeirinhos da Amazônia são guardiões do cacau selvagem

Ribeirinhos trabalham na extração de cacau selvagem na Amazônia. Fruta é uma das matérias-primas do chocolate, tradição durante a Páscoa

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Foto colorida de produtora colhendo cacau no Pará - Metrópoles
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Uma das tradições da Páscoa, comemorada neste domingo (31/3), é a troca de chocolates com amigos e familiares, mas, para chegar até a prateleira das lojas, o item passa por uma longa viagem. O Metrópoles conversou com ribeirinhos responsáveis pela extração de cacau selvagem no Pará.

Por ser um fruto natural da Amazônia, a colheira é realizada em áreas de preservação florestal. Uma forma de levar o sustento para dentro de casa, sem precisar destruir o meio ambiente.

Nilce Maia é natural de Mocajuba, no Pará, mas deixou a cidade para se formar em pedagogia e construir uma família em Belém, capital do estado. Após alguns anos, junto com o marido, José Rubens dos Prazeres Maia, Nilce decidiu comprar uma propriedade do pai dela, onde poderia trabalhar com a extração de alguns frutos, em especial o cacau.

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Colheita de cacau na propriedade de Nilce
Para expandir os negócios, Nilce e as filhas criaram a Cacauaré
Barra de cacau nativo da Amazônia
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Nilce conta com o apoio das filhas para extração e comercialização do cacau

Reprodução/Redes sociais
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Colheita de cacau na propriedade de Nilce

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Para expandir os negócios, Nilce e as filhas criaram a Cacauaré

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Barra de cacau nativo da Amazônia

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“Nosso foco maior no início era o açaí, por parte do meu esposo, (mas) com a morte dele, a gente teve de se reinventar. Como eu tinha essa experiência, a gente começou a trabalhar com o cacau, mas de forma bem primitiva, artesanal, sem dar valor à amêndoa”, relata Nilce.

Atualmente, Nilce trabalha ao lado das três filhas. São elas: Noanny Guimarães Maia, 38 anos; Naianny Guimarães Maia, 36; e Neilanny Guimarães Maia, 30. Juntas, elas vendem o cacau selvagem extraído da propriedade por meio da Cacauaré, empresa da família.

“Cacau na minha vida é sinônimo de vida, mesmo. Sinônimo de bem-estar, sinônimo de prazer de cuidar da natureza e de não deixar que se perca toda essa originalidade do nosso cacau”, destaca a produtora ribeirinha.

Apesar de o cacau ser natural da Amazônia, uma das principais preocupações de Nilce na extração do fruto são as mudanças climáticas, que tem mudado a produção na região.

“Precisa ser feito um trabalho de conscientização das pessoas pela preservação das florestas. Você não precisa destruir uma floresta para ter uma plantação”, enfatiza Nilce.

A produtora relata que a seca extrema no fim do ano passado prejudicou a extração de cacau na propriedade da família; por isso, ela fala sobre a importância do cuidado com o meio ambiente.

Produção comunitária

Zeno Julio Gemaque trabalha na produção de cacau desde 2012 em Acará-açu, no Pará. Ele também atua na comercialização de outros frutos naturais da Amazônia, como a castanha-do-pará.

“São 42 famílias envolvidas no processo do cacau. Como nós não tínhamos nenhum produtor com muito cacau, a gente fez um modelo para cada um tirar um pouco da sua propriedade”, explica Zino sobre o processo de extração.

Depois da colheita, os produtores encaminham o cacau para secagem, seleção e distribuição, que ocorre a partir da propriedade de Zeno.

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O cacau extraído na região de Araçá-açu
Zeno compra o cacau extraído nas propriedades vizinhas para comercialização do produto
Além de cacau, Zeno trabalha com a extração de castanha-do-pará
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A fermentação do cacau extraído na comunidade é fermentado na propriedade de Zeno

Zeno Nativo
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O cacau extraído na região de Araçá-açu

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Zeno compra o cacau extraído nas propriedades vizinhas para comercialização do produto

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Além de cacau, Zeno trabalha com a extração de castanha-do-pará

Zeno Nativo

Tanto Zeno como Nilce trabalham com a extração de amêndoas de cacau para produção de chocolates finos. Um dos clientes dos produtores é a De Mendes Chocolates, que forneceu oficinas de produção do fruto fino, sem perder itens especiais do cacau.

“A gente que trabalha com cacau fino tem um público bem específico. Um público que consome com uma certa regularidade, mas é um público que consome o cacau como se fosse um alimento, reconhece todo o bem que faz para a saúde”, conta Zeno.

O produtor de Acará-açu informa que as propriedades da região tinham como foco inicial apenas monoculturas, principalmente de açaí e mandioca, mas, com a valorização do fruto, foi possível levar uma renda extra para os moradores da região.

“Com o cacau, a gente conseguiu essa valorização, agregando valor no produto. A gente conseguiu mostrar dentro do território que o cacau é uma grande fonte de renda e que não precisa derrubar ou acabar com a floresta para plantar o cacau. Vai ter a mesma produtividade da monocultura? Não vai ter, mas a gente consegue um equilíbrio”, salienta Zeno.

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