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Chanceler brasileiro diz que Zelensky alegou “falta de tempo” para reunião com Lula

Ministro Mauro Vieira frisou posição do governo, de que Zelensky não teve disponibilidade de agenda apesar das opções apresentadas por Lula

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1 de 1 Foto colorida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mencionou o desencontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, às margens da cúpula do G7 no Japão, em declaração nesta quarta-feira (24/5). Segundo o chanceler, a agenda bilateral entre os líderes não aconteceu “por absoluta falta de tempo” na agenda do chefe de Estado ucraniano.

Vieira reiterou o posicionamento do governo do Brasil, que afirma ter oferecido três opções de horários para a reunião, mas “nenhuma das três foi compatível” com a programação de Zelensky. Na terça (23), o vice-chefe de gabinete do ucraniano afirmou que “houve um conflito de agendas”.

O chanceler brasileiro mencionou a situação durante participação na Comissão de Relações e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, na manhã desta quarta (24). Ele foi questionado sobre o saldo positivo da viagem do mandatário brasileiro à Hiroshima, como convidado da Cúpula do G7.

“Não foi possível, o encontro não aconteceu, mas por absoluta falta de tempo na agenda do presidente da Ucrânia. O Zelensky chegou no sábado e no domingo tinha encontros com os convidados, nos pediram uma entrevista e oferecemos três horários diferentes, e nenhum dos três foi compatível com a agenda dele”, explicou.

O ministro também reiterou a posição brasileira de neutralidade diante do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, no que chamou de “equilíbrio construtivo”.

“Condenamos a violação territorial da Ucrânia e alertamos para os riscos de cancelamento da Rússia, que apenas diminui os espaços de diálogo”, ressaltou.

“Nos contatos que mantemos com interlocutores externos, notamos um claro interesse sobre que contribuição o Brasil pode dar. O estado de paralisia da comunidade internacional diante do conflito na Ucrânia demonstrou, mais uma vez, a necessidade de uma ampla reforma no Conselho de Segurança.”

A ida do chanceler à Câmara foi sugerida por quatro deputados de oposição: Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Ricardo Salles (PL-SP) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).

Na pauta, Vieira também falou sobre as relações do país com ditaduras sul-americanas e medidas concretas do governo espanhol em relação ao caso mais recente de racismo contra o jogador de futebol Vinicius Júnior, do Real Madrid.

Acordo Mercosul-UE

O andamento do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), em negociação há mais de duas décadas, também figurou entre as questões dos deputados. Segundo o chanceler, a UE apresentou, em maio, um documento adicional ao tratado com condicionais “muito rígidas”, contribuindo para deixar o tratado “mais desequilibrado do que já é”.

“Esses condicionamentos ambientais criam condições extremamente difíceis porque fazem com que metas voluntárias do Acordo de Paris se tornem obrigatórias. Em consequência disso, podem abrir possibilidades de retaliação”, argumentou. “Elas são restrições as nossas exportações, fazendo com que compromissos voluntários sejam usados contra nossos interesses”.

O ministro explicou que o governo brasileiro, e as demais nações do Mercosul, estão avaliando as demandas europeias. “Agora no mês de julho haverá uma reunião da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com a UE, e o Mercosul deve ter uma decisão definida e comum sobre essa proposta”.

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