CGU diz que dados no sistema do Painel de Compras estão equivocados
Por meio de nota, Ministério da Defesa apresentou novos valores gastos com chiclete e leite condensado
atualizado
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Na live de Bolsonaro nesta quinta-feira (28/1), o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, afirmou que os números no sistema de compras “é equívoco do painel e leva a uma interpretação equivocada das pessoas”. Ainda de acordo com o ministro, eles já atualizaram o site e ainda vão tentar aprimorar o sistema.
No último domingo (24/1), o Metrópoles publicou uma reportagem com base no Painel de Compras do governo mostrando os pagamentos de alimentos efetuados em 2020 por todos os órgãos do Executivo. Após o assunto virar o tema mais comentado do Twitter, senadores e deputados protocolaram uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Presidência da República. Os parlamentares querem que o órgão investigue os gastos do Executivo com alimentação.
Em um programa da Rede TV comandado pelo apresentador Luís Ernesto Lacombe, Rosário admitiu que as ferramentas de transparência não refletem a realidade do volume de compras por item, apesar de o filtro existir.
“Os itens não estão especificados. Hoje não conseguimos fazer [a conta] de quanto pagamos. Pelo cruzamento que fizemos, ainda não está fechado. Em vez de R$ 15 milhões, estamos perto de R$ 2,54 milhões, que foram empenhados. Mas para ter certeza, teríamos de contar nota fiscal por nota fiscal, o que se torna quase impossível.”
A organização sem fins lucrativos e apartidária OpenKnowledge Brasil, que realiza análise de políticas públicas e desenvolve tecnologias cívicas de dados abertos, emitiu nota na quarta-feira (27/1) sobre a desatualização e indisponibilidade de dados de compras públicas do governo federal: “Além da grave fragilidade da infraestrutura, que torna o portal inacessível mediante picos de acesso, destacamos a falta de atualização de todas as despesas de 2021, em que pese a legislação determinar publicação diária destes dados. E o mês de janeiro já está perto do fim”.
Gil Castelo Branco, fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas também cobra uma posição do órgão de controle. “Neste caso, não acho que tenha havido uma sabotagem para omitir os gastos, mas há uma incompetência que fica evidenciada. A CGU diz que as informações do portal estão incorretas e que vai ser um trabalho enorme conseguir descobrir o que foi efetivamente gasto. Oras! Mas o objetivo do portal não é listar os itens de despesa? Se o que está descrito não corresponde à verdade, então é um problema mais técnico do que de natureza de omitir a informação. Bem ou mal o dado está lá”, concluiu.
Novos dados
Depois do desgaste provocado a partir da divulgação pelo Metrópoles de dados que informam o volume de gastos do governo federal com compras de supermercado, o Ministério da Defesa negou a veracidade dos números.
A negativa ocorre cinco dias depois de a reportagem ser publicada. E após o próprio ministério ter confirmado os dados ao receber a demanda do portal de notícias, quatro dias antes da publicação.
Na noite de quarta-feira (27/1), o governo afirmou ter detectado erros no Portal de Compras, hospedado no site do Ministério da Economia. E determinou mudanças na plataforma, como informado também por meio de nota oficial emitida pelo próprio governo.
Todas as informações veiculadas pelo Metrópoles foram oficiais, estavam estampadas no site alimentado e mantido pelo próprio governo.
Por parte de quem consulta o Painel de Compras, não há como manipular os números. Todas as telas foram, inclusive, printadas e apresentadas aos leitores.
Vejam os números:
O Ministério da Defesa alega que os pagamentos com alimentação abastecem grupos como os de militares (370 mil), além de funcionários públicos, universidades e escolas.
Tudo está na matéria original, inclusive a nota do próprio Ministério da Defesa que, apesar de ter acesso às tabelas divulgadas pelo Metrópoles antes de a reportagem ter sido publicada, não fez nenhum tipo de contestação.
Desde ontem, várias alterações foram realizadas no Painel de Compras. Por exemplo, o acréscimo de informações em campos de pesquisa, como a mudança no título de abas para consulta. Ainda não é possível saber se houve alguma restrição aos dados até então disponíveis.
Confira algumas mudanças: