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Cervejeiros trocam mensagens racistas contra concorrentes negros

Conversas no grupo chamado de “Cervejeiros Illuminati” também trazem ofensas a mulheres e movimento feminista

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Cerveja sendo colocada em uma caneca de chope
1 de 1 Cerveja sendo colocada em uma caneca de chope - Foto: Reprodução/ FreePik

Um grupo de homens cervejeiros trocou mensagens racistas no WhatsApp contra concorrentes negros, em conversas feitas no último mês. As mensagens também ofendem mulheres e feministas. O teor das publicações foi revelado pelo jornal Folha de São Paulo, que obteve os prints das conversas, nesta quinta-feira (27/8).

No grupo, chamado de “Cervejeiros Illuminati”, com cerca de 200 integrantes, eles atacam profissionais negros do setor cervejeiro. Os participantes chegam a reclamar de apropriação cultural dos descendentes de africanos da cultura europeia. “Estão fazendo apropriação cultural do tipo de cerveja opressora dos europeus fascistas. Cerveja de sorgo, banana e milheto da savana ninguém quer fazer”, escreveu um deles.

Sócio da Kessbier, de Nova Mutum (MT), Guilherme Jorge Giorgi postou uma crítica no grupo sobre a autorização de uma cervejaria gaúcha fundada e gerenciada por negros, a Implicantes. “O Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] autoriza uma cervejaria negra? Não tem que ser branca, facilmente lavável, inox, etc?”, questiona.

As mensagens chegam a fazer piada de que o “amigo negro, da cervejaria negra,” só faz stout, um tipo de cerveja escura, feita com malte torrado. Na mesma conversa, é usado o termo “pobraiada” para se referir aos concorrentes.

À Folha, Giorgi defendeu-se dizendo ter usado uma expressão imatura, mas ponderou que a frase estava dentro de um contexto de discussão maior e que não considera ter sido racista.

A sommelier de cerveja Sara Araújo, que é negra, também foi alvo de racismo nas mensagens do grupo. “Mandei essa mina se foder na primeira vez que vi ela (sic)”, escreveu Charles Cruz. Procurado, ele não respondeu à reportagem do jornal paulista.

Sara já havia sido alvo de racismo envolvendo profissionais do meio em outras ocasiões. “Em 2018, comecei a frequentar mais de perto a cena cervejeira, um dos objetivos era entrevistar pessoas, sobretudo negras, para saber delas se se sentiam confortáveis em um espaço tão branco cêntrico. Estava coletando material para um artigo científico que pretendo escrever. Hoje [15 de agosto], um bando de homens brancos do mundo da cerveja achou que seria legal levar minha imagem e da cervejaria Implicantes num grupo para vomitar os seus racismos. O ataque não foi só a mim e à cervejaria, é a todo povo preto”, disse, em entrevista ao site Mundo Negro.

“Pela troca de experiência com uma negra? Quero. Não tenho nojinho. Doug [Douglas Merlo] vai dizer que elas têm aroma de cimento portland CPZII”, escreveu o cervejeiro James Jimenez, ele também não se manifestou.

Segundo a Folha, Merlo é um dos professores afastados pela Escola Superior de Cerveja e Malte enquanto a instituição analisa o caso no Conselho Superior.

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