Cerrado perdeu 8,5 mil km² de vegetação, maior desmatamento desde 2016
A perda de vegetação nativa ocorreu entre agosto de 2020 e julho de 2021. Maior extensão devastada está na fronteira agrícola brasileira
atualizado
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O Cerrado brasileiro perdeu 8.531,44 km² de vegetação nativa entre agosto de 2020 e julho do ano passado. Dados do Prodes Cerrado, divulgados no último dia de 2021, mostram que essa é a maior área devastada desde 2016.
O crescimento em relação ao período anterior, registrado em 2020, foi de 7,9%, o que consolida o aumento da destruição do segundo maior bioma brasileiro. Os estados com maior quilometragem de devastação foram: Maranhão (2.281,72 km²), Tocantins (1.710,55 km²), Bahia (925,11 km²) e Goiás (920,45 km²).
Na quarta posição está o Piauí, estado que também faz parte da região chamada de Matopiba – áreas majoritariamente de Cerrado, que constituem a mais recente fronteira agrícola do país. De acordo com a pesquisa, os dados evidenciam a relação entre o avanço da produção de commodities e a destruição ambiental.
Soja
O Cerrado se estende por 2 milhões km² na área que abrange Brasil, Paraguai e Bolívia. Por ser um platô com solos profundos, o bioma alimenta oito das 12 principais bacias hidrográficas do país, e irriga 40% do território nacional.
De acordo com o monitoramento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a destruição ambiental no bioma, aliada ao desmatamento da Amazônia, reduz a vazão de águas para as bacias hidrográficas. O Cerrado responde por mais de 90% da vazão da Bacia do São Francisco e por quase 50% de toda a vazão da bacia do Rio Paraná, que abastece a hidrelétrica de Itaipu.
Aproximadamente 50% da produção brasileira de soja está concentrada no bioma. São mais de 18 milhões de hectares ocupados com uma única espécie nessa savana.
Segundo dados do MapBiomas, a área de agricultura no Cerrado cresceu 460% nos últimos 36 anos e já ocupa 23 milhões de hectares – extensão maior que o estado do Paraná. As terras que um dia foram cobertas por campos nativos concentram, aproximadamente, metade da produção nacional de soja e cana, além da maior parte da manufatura de algodão.