CEO e roqueiro: quem é o dono da Prevent Senior, investigada na CPI da Covid
Fernando Parrillo, de 52 anos, cuja empresa coleciona polêmicas durante a pandemia, tem um banda de rock e é defensor da cloroquina
atualizado
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São Paulo – Criada em 1997, a Prevent Senior se consolidou nos últimos anos como a maior rede de planos de saúde para idosos no país. Mas, agora, a companhia ganha destaque por outro motivo: os hospitais da rede viraram alvo de investigação pela CPI da Covid no Senado, por causa de um estudo que envolveu a cloroquina. Por trás da empresa, está Fernando Parrillo, o CEO e fundador.
Não é a primeira vez que a Prevent Senior se envolve em polêmicas relacionadas à pandemia. Em março do ano passado, quando o coronavírus ainda começava a circular com maior força no Brasil, a Prefeitura de São Paulo acusou a cadeia de hospitais da marca, a Sancta Maggiore, de não notificar os mortos pela doença.
Naquele mês, Parrillo culpou o sistema municipal e disse que não negava a gravidade da doença. “Tivemos problemas para acessar o link onde a notificação deveria ser feita”, justificou à época, em entrevista à revista Veja. Ele ainda relatou que havia muitas mortes na rede, porque atendia a um público de idade mais elevada, que é grupo de risco para a Covid-19.
O empresário já teve ainda embates com o governo federal. Em abril do ano passado, os hospitais da bandeira foram criticados pelo então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que disse que esses centros médicos eram o maior foco de coronavírus do país. Parrillo chamou a fala de “irresponsável” e apontou “desconhecimento” do então ministro sobre a empresa.
Covers e rock
Além de ocupar o cargo máximo da companhia, Parrillo, de 52 anos, tem uma banda de rock que já se apresentou em grandes festivais, como o Lollapallooza. Ele toca guitarra no conjunto de hard rock Doctor Pheabes, da qual o irmão e sócio, Eduardo Parrillo, também participa.
O repertório inclui músicas próprias, cantadas em inglês, e covers de hits. O coletivo já realizou, por exemplo, a abertura de shows para famosos como Rolling Stones e Black Sabbath.
Ele e o irmão começaram no ramo da saúde com uma firma de ambulâncias, em 1995, chamada Remotion. Dois anos depois, criaram uma clínica para idosos em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. O negócio cresceu e virou plano de saúde para este público.
A Prevent Senior é uma operadora que só atende pessoas acima de 49 anos, e tem 11 hospitais e unidades de pronto-atendimento, todos na região metropolitana de São Paulo. Na pandemia, a companhia cresceu a cartela de clientes em 15%.
Cloroquina
A rede virou alvo da CPI pois é acusada de ter ocultado mortes de participantes de um estudo realizado pelos hospitais no ano passado, para testar a eficácia da hidroxicloroquina e da azitromicina para tratar a Covid.
O “kit Covid”, como é conhecido, consiste em um conjunto de remédios que foram defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro no tratamento do vírus, mas que são comprovadamente ineficazes. Depoimentos de médicos da Prevent Senior em documentos obtidos pela GloboNews e TV Globo apontam que a direção do Sancta Maggiore pressionava os profissionais a receitarem os fármacos a todos os pacientes com sintomas.
Parillo é um dos grandes defensores desses medicamentos – e por isso já foi exaltado pelo presidente Jair Bolsonaro. Em abril de 2020, ele se vangloriou do fato de administrar cloroquina em infectados: disse que prescrever o remédio no segundo dia após o diagnóstico diminuiu as internações e o tempo de uso de respiradores de 14 para 7 dias.
Em uma live promovida pelo Itaú naquele mês, o empresário afirmou que a Prevent Senior havia encontrado uma “forma de operação eficaz” e que estava controlando a transmissão da Covid na rede.
Bolsonaro chegou a compartilhar essas informações em seu perfil do Facebook, elogiando Parrillo e o protocolo adotado pela rede de hospitais da Prevent Senior. O uso dos medicamentos pela rede também foi vangloriado pelos filhos do presidente, o senador Flavio e o deputado Eduardo, em postagens nas redes sociais.