Centro-direita tenta levar para o Congresso ganhos do pleito municipal
PSD e MDB, juntos, conseguiram eleger 1.743 prefeitos nas eleições municipais deste ano, fortalecendo o favoritismo do centro
atualizado
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Após sair como a grande vencedora das eleições municipais, a centro-direita agora expande as discussões para ganhar ainda mais espaço no Congresso e ampliar a influência na política nacional.
O PSD, de Gilberto Kassab, foi o partido com o maior número de prefeitos eleitos. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que a sigla conquistou 887 cidades, seguida pelo MDB, que levou 856. O PP, do senador Ciro Nogueira (PI), aparece em terceiro lugar, com 747 chefes municipais.
Os líderes da centro-direita observam que a eleição municipal demonstra uma base sólida para ampliar as bandeiras no âmbito nacional. “O grande vencedor dessa eleição foi o centro. Acho que 80% dos prefeitos brasileiros tiveram esse viés de centro. Mas um centro, eu não vou negar, bem mais à direita. Então, se juntar o centro com a direita, aí nós vamos ter 90% dos prefeitos brasileiros. É uma força que, se os líderes se unirem, a chance de vitória em 2026 é muito grande”, avalia Ciro Nogueira.
O presidente do PP destacou a votação no Nordeste, em especial em Fortaleza (CE), onde a eleição apertada entre Evandro Leitão (PT) e André Fernandes (PL) deu a vitória ao candidato petista com uma diferença de 10.838 votos entre os candidatos. Isso mostra o crescimento da direita na região, historicamente dominada pela esquerda.
“Eu acho que ali foi uma vitória. Você imaginar que a direita elegeu a quantidade de prefeitos que elegeu no Nordeste, e disputar segundo turno pau a pau em Fortaleza”, indicou Ciro Nogueira.
O líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), enfatizou a força do centro com o resultado das eleições, com o segundo turno no último domingo (27/10). Para ele, o fortalecimento do centro demonstra que a população brasileira está insatisfeita com a polarização.
“O PSD cresceu bastante e, sem dúvida nenhuma, hoje no Senado Federal tem a maior bancada, com 15 senadores e senadoras. Já tem 45 deputados federais. Eu espero que ele continue assim, trabalhando, para crescer e ajudar o nosso país”, ressaltou Otto Alencar.
O líder do PSD no Senado destacou o papel da moderação em meio à polarização. “Se buscar alguém para atenuar essa guerra entre a ponta esquerda e a ponta direita, pode nos procurar que nós vamos resolver. Se o Brasil não encontrar uma solução pelo entendimento e pela moderação, certamente não vai ser pela exaltação”, completou.
Questionado sobre as expectativas para 2026, quando serão disputados os cargos de deputado, senador e presidente da República, Otto Alencar pontuou que ainda é cedo para prever qualquer cenário.
Esquerda
O deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de comunicação do PT, reforçou a necessidade da esquerda tentar se aproximar cada vez mais do centro e pontuou que a sociedade tem dado sinais de que está fugindo dos extremos políticos.
“A gente perde a eleição e não sabe o porquê. A nossa sinalização devia ser para o centro. Quando não for possível, seria na candidatura do centro”, disse Tatto.
O deputado federal citou, por exemplo, a eleição para prefeitura de São Paulo, onde o PT apoiou a candidatura de Guilherme Boulos (PSol), um nome mais ligado às pautas de esquerda. Também concorreram na capital paulista Ricardo Nunes (MDB), o candidato eleito, Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB).
“Quando Lula fala que o nosso candidato é do PSol, na cidade de São Paulo, fala que vai ter a polarização. E qual é o desdobramento disso? Bom, se nós fazermos em São Paulo, se o presidente está com essa tática, vamos fazer em Porto Alegre, em outras cidades. Então, a gente sinalizou para a esquerda. Isso foi um erro tático”, citou o deputado petista.
Congresso Nacional
As maiores bancadas da Câmara dos Deputados são do PL e do PT. No entanto, o centro aparece na sequência com o maior número de representantes da Casa Legislativa, como o União Brasil, PP e PSD.
Já no Senado, o PSD possui a maior bancada, com 15 senadores, seguido pelo PL e o PT.