metropoles.com

Centrão avança em negociações de cargos no governo Lula

As negociações se intensificaram após a semana de esforço concentrado na Câmara. Mobilização resultou em vitórias para o governo Lula

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Cláudio Kbene
Foto colorida mostra o presidente Lula e vários deputados federais, entre eles componentes do chamado centrão - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida mostra o presidente Lula e vários deputados federais, entre eles componentes do chamado centrão - Metrópoles - Foto: Cláudio Kbene

Partidos do chamado Centrão conseguiram avançar, nos últimos dias, em negociações de cargos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A entrada do bloco formado pelas legendas Republicanos e PP já é considerada “certa” por interlocutores do Palácio do Planalto.

As conversas se intensificaram após a semana de esforço concentrado na Câmara dos Deputados, que levou à aprovação de pautas importantes para o Executivo, como a reforma tributária e o retorno do voto de qualidade que beneficia o governo no Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf).

Partidos de centro, que foram fundamentais para resultados positivos do governo nas últimas semanas e no primeiro semestre, olham com volúpia para cargos de primeiro, segundo e demais escalões do governo federal. As conversas caminham no sentido de selar acordos que possam garantir mais tranquilidade a Lula em votações no restante do ano.

Entre as siglas de namoro com o Planalto, estão justamente o Partido Progressista (PP), mesma legenda do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), o Republicanos e o União Brasil.

Caso a adesão dos três partidos se confirme, o governo contabilizaria 217 parlamentares em sua base aliada na Câmara (incluindo os votos da bancada do PT, que possui 68 deputados). O número é próximo do necessário para aprovar projetos de lei: 257 votos.

Ministérios e órgãos mais cobiçados

Um dos maiores interesses do Centrão é o Ministério do Desenvolvimento Social, que deixaria de ser comandado por Wellington Dias, petista e amigo pessoal de Lula, e seria entregue a André Fufuca (PP), ex-vice líder do governo Bolsonaro e apadrinhado por Lira. No entanto, as chances de a troca ser considerada pelo presidente é nula, conforme avaliam os interlocutores no Congresso.

Outro movimento já existente seria uma troca no Ministério dos Esportes, hoje sob o comando de Ana Moser. A atleta, como tem mostrado a coluna Igor Gadelha, do Metrópoles, entrou na mira do Centrão após impor restrições para receber parlamentares e devido aos vetos à Lei Geral do Esporte. Ela seria substituída pelo deputado Sylvio Costa Filho, do Republicanos de Pernambuco.

As trocas também devem afetar a Caixa e a Funasa. O banco, pelas contas do Centrão, rifaria Rita Serrano para abrigar o ex-ministro Gilberto Occhi, indicado pelo PP. Já a recém-recriada Funasa será encaminhada para o União Brasil com um orçamento bilionário.

A mudança mais esperada e já confirmada pela Secretaria de Relações Institucionais será no Ministério do Turismo. A dança das cadeiras será feita pelo União Brasil, que trocará Daniela do Waguinho por Celso Sabino.

O grande problema até o momento, no entanto, é o enorme apetite do Centrão. O grupo topa entrar no governo, sinaliza nesse sentido, mas tem pressionado para conseguir pegar ministérios de “porteira fechada”. Isso incluiria, além do ministério em si, áreas ligadas a ele. Um exemplo claro disso é a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), que hoje é comandada por Marcelo Freixo (PT), um aliado muito próximo de Lula. O presidente da República tem resistido a fechar acordo tão amplo, que o levaria a ter algum controle sobre áreas importantes do governo.

De olho em orçamentos mais robustos, o Centrão chegou a se articular para conseguir áreas mais centrais da Esplanada, como o Ministério da Saúde, hoje chefiado por Nísia Trindade, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No entanto, Lula tem colocado dificuldades em negociar tal pasta. O mandatário tem dito, inclusive publicamente, que, para ele, é questão de honra fazer uma gestão técnica/científica e completamente inversa à de Jair Bolsonaro (PL) na área. Durante a pandemia, o ex-presidente se notabilizou por posições negacionistas e por pregar, inclusive, contra a vacinação da população.

O fato é que as conversas e negociações continuam acontecendo mesmo com o recesso parlamentar e os próximos dias podem trazer novidades em primeiro, segundo e demais escalões do governo federal.

Melhora na articulação política

Após ter um começo conturbado com o Congresso Nacional, o Executivo conseguiu alinhar pautas para emplacar vitórias econômicas antes do recesso parlamentar. Os ganhos devem ser atribuídos não só a base de Lula, que ainda está em acerto, mas também aos partidos de centro que acenaram ao governo.

O próprio presidente Lula fez questão de receber, no dia 7 de julho, após o esforço concentrado na Câmara Federal, líderes de partidos envolvidos nas pautas econômicas, incluindo nomes do Centrão. O petista agradeceu as “importantes votações da semana”. O grupo, capitaneado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, posou sorridente ao lado do mandatário.

Foto colorida mostra reprodução de tweet do presidente Lula ao lado de deputados federais - Metrópoles

Sucesso às vésperas do recesso

Entre a noite de quinta (6/7) e a madrugada de sexta-feira (7/7), o governo emplacou uma das vitórias mais significativas no Congresso Nacional neste primeiro semestre. A proposta da reforma tributária enfrentou grande resistência, mas — sob a articulação de Arthur — conseguiu ser aprovada na Câmara dos Deputados, com 382 votos favoráveis no primeiro turno e 375 no segundo.

A alteração no modelo tributário é discutida há cerca de 20 anos no Legislativo. Em busca de uma agenda positiva também para si, Lira montou uma “supersemana” na pauta da Casa para aprovar a matéria relatada pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

No União Brasil, 48 dos 59 deputados apoiaram a aprovação da reforma. Enquanto isso, no Republicanos, após o aceno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, dos 39 deputados do Republicanos, 36 votaram a favor da proposta no plenário da Câmara. Já no PP, dos 49 parlamentares, 40 foram favoráveis à matéria.

12 imagens
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão
Deputado federal Arthur Lira (PP-AL)
Deputado federal Aguinaldo Ribeiro
Deputados Arthur Lira (PP) e José Guimarães (PT)
Deputado federal Arthur Lira no plenário da Câmara dos Deputados
1 de 12

Plenário da Câmara dos Deputados durante votação da reforma tributária

Vinícius Schmidt/Metrópoles
2 de 12

Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão

Vinícius Schmidt/Metrópoles
3 de 12

Deputado federal Arthur Lira (PP-AL)

Vinícius Schmidt/Metrópoles
4 de 12

Deputado federal Aguinaldo Ribeiro

Vinícius Schmidt/Metrópoles
5 de 12

Deputados Arthur Lira (PP) e José Guimarães (PT)

Vinícius Schmidt/Metrópoles
6 de 12

Deputado federal Arthur Lira no plenário da Câmara dos Deputados

Vinícius Schmidt/Metrópoles
7 de 12

Deputados federais conversam durante sessão na Câmara

Vinícius Schmidt/Metrópoles
8 de 12

Deputados federais conversam durante sessão na Câmara

Vinícius Schmidt/Metrópoles
9 de 12

Deputado federal Arthur Lira (PP-AL)

Vinícius Schmidt/Metrópoles
10 de 12

Deputado federal José Guimarães (PT-CE) discursa no plenário da Câmara

Vinícius Schmidt/Metrópoles
11 de 12

Deputados federais durante sessão no plenário

Vinícius Schmidt/Metrópoles
12 de 12

Deputados federais Arthur Lira e Aguinaldo Ribeiro

Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?