Centrais sindicais se unem contra Bolsonaro: “Ninguém aguenta mais”
Entidades criticam postura do presidente da República frente às crises institucionais e a gestão de Bolsonaro no combate da pandemia
atualizado
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Centrais sindicais emitiram, nesta segunda-feira (30/8), uma nota em conjunto com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo as entidades, o país enfrenta uma “escalada autoritária e uma calamitosa gestão da pandemia do novo coronavírus“.
A nota é assinada por representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central da Classe Trabalhadora, Central do Servidor e Intersindical instrumento de Luta.
Na manifestação, as lideranças sindicais afirmam que o país atravessa “um dos momentos mais difíceis de sua história desde a declaração de independência” e cobram ação do governo federal para contornar as crises decorrentes da pandemia.
“São quase 15 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados, outros 6 milhões de inativos que precisam de um emprego e mais 7 milhões ocupados de forma precária. Inflação alta, carestia e fuga de investimentos. Aumento da fome e da miséria, crescimento da violência, insegurança alimentar e social”, enumeram os sindicalistas na nota.
De acordo com as entidades, Bolsonaro, em vez de “agir para resolver os problemas, os utiliza para atacar os direitos trabalhistas, precarizando ainda mais o já combalido mercado de trabalho”.
“O próprio presidente se encarrega de pessoalmente gerar confrontos diários, criando um clima de instabilidade e uma imagem de descrédito do Brasil. E ele ainda tem o desplante de culpar as medidas de contenção do vírus pelo fechamento de postos de trabalho, ignorando que a pandemia já matou precocemente quase 600 mil brasileiros”, destacam os representantes.
“Incapacidade”
Na avaliação dos sindicalistas, Bolsonaro “já demonstrou total incapacidade política e administrativa e total insensibilidade social”.
“Ninguém aguenta mais. Vivemos no limiar de uma grave crise institucional. A aparente inabilidade política instalada no Planalto que acirra a desarmonia entre os poderes da República, esconde um comportamento que visa justificar saídas não constitucionais e golpistas”, enfatizam as centrais sindicais.
Os sindicalistas pedem que o Legislativo e o Judiciário “tomem à frente de decisões importantes em nome do Estado Democrático de Direito”.
“Não apenas para conter os arroubos autoritários do presidente, mas também que disponham sobre questões urgentes como geração de empregos decentes, a necessidade de programas sociais e o enfretamento correto da crise sanitária”, prosseguem as lideranças.
Ao Metrópoles, o presidente da CSB, Antonio Neto, destaca a necessidade “urgente de uma vigília ampla” dos demais poderes em relação à conduta do chefe do Executivo. “Se Bolsonaro e sua corte miliciana, que ocupa o Planalto, atentar contra a nossa democracia, caberá às instituições aplicarem o que rege a Constituição Brasileira contra qualquer aventura golpista”, disse.