Censura na Bienal: prefeitura usou fake news contra decisão do STF
No pedido, o procurador-geral do Rio, Marcelo Silva Moreira Marques cita o livro As Gêmeas Marotas para justificar recolhimento de obras
atualizado
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Ao pedir esclarecimentos sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu a censura na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, a prefeitura usou fake news para embasar os embargos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
No pedido, o procurador-geral do Rio, Marcelo Silva Moreira Marques, e o subprocurador-geral, Paulo Maurício Fernandes Rocha, citam o livro As Gêmeas Marotas para justificar a censura. No entanto, a organização da Bienal informou que a obra não foi vendida durante o evento.
O livro As Gêmeas Marotas, que mostra as duas personagens praticando atos sexuais, foi publicado na década de 1970 e relançado em Portugal, em 2012. É uma paródia de uma das obra do autor holandês Dick Bruna, feita para adultos.
As imagens do livro, no entanto, já apareceram em sites de checagem de fake news.
Entenda
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, derrubou nesse domingo (08/09/2019) a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para recolher os livros com temática LGBT. O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), pediu que as obras fossem apreendidas durante a Bienal do Rio de Janeiro.
O ministro atendeu a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que, mais cedo, solicitou a suspensão da decisão judicial que permitiu a apreensão de obras que sejam de temas LGBTs na Bienal do Livro no Rio de Janeiro.
O pedido, encaminhado ao presidente do Supremo Tribunal Federal, segundo informou a chefe do MPF, visava “impedir a censura ao livre trânsito de ideias, à livre manifestação artística e à liberdade de expressão no país”.
Na última quinta-feira (05/09/2019), o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, determinou o recolhimento de exemplares do romance gráfico Vingadores, a cruzada das crianças, que tem a imagem de um beijo entre dois personagens masculinos.