Censo 2022: 479 mil pessoas vivem em penitenciárias no Brasil
As penitenciárias concentram a maior parte de moradores em domicílios coletivos em todas as regiões do Brasil, segundo dados do Censo 2022
atualizado
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O Brasil tem 479 mil pessoas morando em penitenciárias e centros de detenção, o que corresponde a 0,2% do total da população brasileira (203.080.756 de habitantes).
As informações estão presentes no Censo Demográfico 2022: Tipos de domicílios coletivos, improvisados, de uso ocasional e vagos, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (6/9).
Esta é a primeira vez que o IBGE divulga dados dessa natureza no Censo. No Censo de 2010, havia apenas os recortes de “tenda ou barraca”, “dentro do estabelecimento” e “outro”.
Vale destacar que a pesquisa não investiga a relação do morador com o domicílio coletivo. Ou seja, não significa que todos os residentes são presos, um morador de um presídio pode ser, por exemplo, um agente penitenciário.
Para contabilizar os moradores de presídios, o IBGE considerou o preso como morador caso houvesse alguma condenação, ou se a detenção durasse há mais de 12 meses.
População em domicílios coletivos, segundo o IBGE
Há no país 837 mil pessoas residindo em domicílios coletivos — o que equivale a 0,4% da população total. Esta parcela de habitantes está distribuída nos seguintes locais:
- Penitenciária e centro de detenção: 479.191 pessoas
- Asilo ou outro instituição de longa permanência para idosos: 160.784 pessoas
- Hotel ou pensão: 46.269 pessoas
- Alojamento: 30.090 pessoas
- Clínica psiquiátrica e comunidade terapêutica: 24.287 pessoas
- Abrigo, casas de passagem ou república assistencial para outros grupos vulneráveis: 24.110 pessoas
- Orfanato: 14.374 pessoas
- Abrigo, albergue ou casa de passagem para população em situação de rua: 11.295 pessoas
- Unidade de internação de menores: 7.514 pessoas
- Quartel ou outra organização militar: 845 pessoas
- Outro domicílio coletivo: 38.492 pessoas
O Sudeste tem maior número de residentes em penitenciárias e centros de detenção no país, com 249.085. Seguido pelo Nordeste (78.966), Sul (70.263), Centro-Oeste (48.147) e Norte (32.730).
Entre as unidades da federação (UF) quem lidera a lista é São Paulo, com 153.514 pessoas morando em presídios. Na sequência estão Minas Gerais (44.690), Rio de Janeiro (32.651), Paraná (26.480) e Rio Grande do Sul (24.379).
A definição de domicílio coletivo, segundo o IBGE, é uma instituição ou estabelecimento onde as pessoas que viviam nele na data de referência era regida por normas de subordinação administrativa. Por exemplo, não são domicílios coletivos: condomínios residenciais, prédios residenciais, cortiços, repúblicas de estudantes.
Idade, sexo e taxa de alfabetização
Ainda no recorte dos domicílios coletivos relacionados à privação de liberdade, há o predomínio de homens, com cerca de 96% (459.790) do total de moradores de penitenciárias e 96,2% (7.228) dos moradores de unidades de internação de menores. Enquanto as mulheres são 4% (19.401) nos presídios e 3,8% (286) nas unidades de internação de menores.
As faixas etárias mais comuns nas prisões são as entre 20 e 29 anos, com 40,7% (194.996) dos moradores, seguida da faixa entre 30 e 39 anos, com 34,7% (166.089).
Segundo dados do IBGE, a taxa de analfabetismo nos domicílios do tipo penitenciárias é de 6,6%, um pouco menor ao verificado na média da população brasileira (7%).
O Censo destaca que esses locais têm “uma concentração de moradores na faixa etária entre 20 e 39 anos, grupo etário no qual a taxa de analfabetismo, na população em geral, é bastante reduzida”.
Quando esse índice é relacionado aos grupos etários dos moradores em prisões verifica-se que eles têm uma taxa de analfabetismo mais elevada que o conjunto da população para cada faixa etária.