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Casos investigados de cirurgião acusado de mutilações são desde 2010

Dos 73 boletins médicos contra o cirurgião, o mais antigo fala de fatos que aconteceram há 12 anos. Pacientes tiveram ferimentos graves

atualizado

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cirurgião médico mutilação de pacientes novo hamburgo rio grande do sul - Metrópoles
1 de 1 cirurgião médico mutilação de pacientes novo hamburgo rio grande do sul - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

Os casos suspeitos de negligência e erro médico envolvendo o cirurgião João Couto Neto abarcam um período de pelo menos 12 anos.

Dos 73 boletins contra o médico acumulados até agora, o mais antigo é do ano de 2010, segundo o delegado de Novo Hamburgo (RS), Tarcisio Lobato Kaltbach, informou ao Metrópoles.

“A partir de 2010 temos casos. (As vítimas) se encorajaram tendo em vista a divulgação na imprensa”, disse o investigador.

João Couto é investigado por suspeita de provocar mutilações nos pacientes durante cirurgias. Em 18 casos investigados os pacientes morreram.

Ferimentos no intestino

Nos depoimentos, testemunhas relataram que tiveram ferimentos graves em órgãos do corpo, em geral no intestino.

O cirurgião informa em sua página na internet que é especialista em cirurgias de hérnia, vesícula e refluxo. As cirurgias são realizadas normalmente por videolaparoscopia no Hospital Regina, em Novo Hamburgo (RS).

No dia 12 de dezembro, a Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão contra o médico. Aparelhos eletrônicos e documentos foram apreendidos no hospital, no consultório e na casa de João Couto. Decisão judicial proibiu ele de exercer medicina por seis meses.

Após a divulgação na imprensa, dezenas de vítimas procuraram a polícia para denunciar o médico. O número de vítimas pode passar de 100 nos próximos dias.

Muita cirurgia

Segundo o delegado, o suspeito realizava muitas cirurgias em um período curto de tempo, o que daria espaço à negligência e erro médico.

Ainda de acordo com Tarcísio Lobato, as vítimas também relataram que o médico realizava cirurgias em estado de ânimo alterado, agressivo e intimidador, não fazendo uso adequado de luvas, jaleco e máscara, inclusive atendendo pacientes sujo de sangue.

O investigador também disse que testemunhas relataram que o médico tratava os pacientes com total descaso, ignorando suas queixas, minimizando a gravidade da consequência das cirurgias.

Tarcísio definiu que o médico fez “intervenções desastrosas com requintes de
crueldade e desumanidade no tratamento pós-cirúrgico dos pacientes com descaso
total quanto à saúde”.

Anos de experiência

No dia da operação, João Couto escreveu uma mensagem nas suas redes sociais sobre seus 19 anos de experiência, mas sem citar a investigação contra ele.

“Atuar como médico é sempre um grande desafio. Temos plena consciência e certeza de praticar a medicina para a melhor saúde dos pacientes”, escreveu o cirurgião.

“E com esta responsabilidade e maturidade, nos sentimos confortáveis em afirmar que realizamos mais de 20 mil cirurgias e procedimentos durante os últimos 19 anos, cumprindo os mais elevados preceitos médicos, honrando esta profissão que é a melhor tradução de minha vida”, escreveu ainda o médico.

O único antecedente criminal contra o médico foi em 2007 por violar a suspensão de dirigir veículo automotor, segundo o delegado.

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